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Água de reuso pode solucionar abastecimento para indústrias

23 jan 2013 - 11h53
(atualizado às 12h25)
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Sabrina Bevilacqua
Direto de São Paulo

A reutilização da água proveniente do esgoto em atividades industriais pode ser uma das saídas para o problema de abastecimento em alguns centros urbanos. Tratar o esgoto que seria devolvido aos rios e dar a ele uso nas indústrias é lucrativo não só para as empresas como também para o meio ambiente e a sociedade. O projeto Aquapolo Ambiental, considerado o maior do gênero na América do Sul, foi concebido para atender às necessidades crescentes da indústria, poupando os recursos hídricos de São Paulo.

O projeto, que acaba de entrar em operação, foi idealizado pela Foz do Brasil (empresa de soluções ambientais da Organização Odebrecht) em parceria com a Sabesp. O reuso é economicamente mais vantajoso para as empresas. O custo é 30% a 40% inferior ao da água potável.

O Aquapolo foi desenvolvido para atender às necessidades da Braskem (companhia da área química também da Odebrecht) e de outras indústrias localizadas no Polo Petroquímico do ABC, em Mauá. Pelo acordo firmado entre a Foz e a Braskem, a petroquímica do grupo se comprometeu a adquirir por 41 anos parte da produção de água gerada - atualmente consome 80% da produção. Os outros 20% são destinados a outras empresas do polo.

"A equação financeira do projeto só fechou por conta desses contratos de longo prazo. Afinal, investimento demanda segurança", diz o diretor do Aquapolo Ambiental, Marcos Asseburg. O projeto consumiu R$ 364 milhões. Foram construídas estação de tratamento, adutora de 17 quilômetros e 3,6 quilômetros de redes de distribuição.


Com pouco mais de dois meses de vida, o Aquapolo opera com 65% de sua capacidade, o equivalente a uma produção de 650 litros por segundo. Com os resutlados positivos obtidos até agora, Asseburg diz que o próximo passo é ampliar o número de clientes. "Como temos uma capacidade maior do que a que estamos utilizando, entramos em uma segunda etapa: a de atender a indústrias fora do polo petroquímico", diz.


O projeto não beneficia apenas a inciativa privado. Ele alivia a situação de fornecimento para a população da cidade. A Região Metropolitana de São Paulo tem um déficit de disponibilidade de água. Para se ter uma ideia da situação local, oferece em média cerca de 140 mil litros de água por habitante por ano. Esse número é menos de 10% do que a ONU considera ideal.

Utilidade - Apesar de imprópria para consumo humano, a água de reuso tem diversas aplicações industriais, como em caldeiras, sistemas de resfriamento e outros processos. Por isso, segundo Asseburg, o reuso permite o crescimento econômico ao mesmo tempo em que libera água para a população. "Quando indústrias deixam de utilizar água potável para reutilizar o que vem do esgoto, aumenta a oferta para abastecimento público", explica.

Com as empresas que a Aquapolo atende atualmente, 450 milhões de litros de água potável deixam de ser utilizadas por mês. Isso equivale a 175 piscinas olímpicas. A unidade pode produzir até mil litros por segundo de água de reuso. Esse volume equivale ao consumo de água potável de aproximadamente 300 mil moradores ou uma cidade do porte de Guarujá.

Asseburg explica que, por ser proveniente do esgoto tratado, há ainda um certo preconceito com relação à água de reuso. Entretanto, ele ressalta que o setor industrial vê a prática com bons olhos. "O cidadão comum não valoriza, mas a indústria tem outra percepção."

Segundo o representante da empresa, o padrão de qualidade da água de reuso produzida pelo Aquapolo foi definido de acordo com as necessidades das empresas consumidoras. Por isso, para uso industrial, ela é até melhor do que a água potável. Tem menos metais e outras substâncias que são melhores para manter o bom funcionamento dos equipamentos, por exemplo.

Tratamento - A água do Aquapolo é produzida a partir do esgoto já tratado. A empresa compra a água da Sabesp e dá um novo tratamento a ela - a unidade da companhia está localizada em uma estação da Sabesp na divisa entre São Paulo e São Caetano do Sul. Segundo Asseburg, para compor o processo, a empresa foi buscar tecnologia de ponta em várias partes do mundo.


Primeiro, a água é bombeada para filtros de disco que retêm parte dos resíduos sólidos. Em seguida, a água vai para tanques biorreatores em que bactérias digerem resíduos biológicos. Na terceira etapa, membranas de ultrafiltração retêm pequenas partículas e bactérias de até 0,05 microns. A última fase, a osmose reversa, nem sempre é utilizada. Ela é acionada toda vez que se mostra necessário reduzir a salinidade da água ou quando os outros processos não se mostraram suficientes para deixar a água no padrão adequado.

Fonte: DiárioNet DiárioNet
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