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A Noruega mata baleias como acusou Bolsonaro? Entenda

Após suspensão de R$ 133 milhões do Fundo Amazônia, presidente questionou legitimidade do país europeu nas discussões ambientais

16 ago 2019 - 18h17
(atualizado em 17/8/2019 às 09h33)
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Alvo de críticas por parte do presidente Jair Bolsonaro (PSL) após suspender repasses ao Fundo Amazônia, a Noruega é um dos únicos países do mundo que caça baleias para fins comerciais. A prática, classificada pelo governo como "legal, tradicional e de pequena escala", levou o país europeu ao segundo lugar no ranking de matança em 2017, com 432 baleias mortas, atrás apenas do Japão, que capturou 596 animais no mesmo ano.

Caça de baleias é criticada por ambientalistas, mas, diferentemente do desmatamento na floresta amazônica, está sujeita a regras rígidas e parâmetros legais
Caça de baleias é criticada por ambientalistas, mas, diferentemente do desmatamento na floresta amazônica, está sujeita a regras rígidas e parâmetros legais
Foto: PA / BBC News Brasil

Bolsonaro lembrou da matança na última quarta-feira, 14, quando rebateu a suspensão de 300 milhões de coroas norueguesas, o equivalente a R$ 133 milhões, para ações contra o desmatamento no Brasil.

"Noruega? Não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a oferecer para nós", disse o presidente.

Questionada pelo Estado sobre as declarações de Bolsonaro, a embaixada da Noruega no Brasil citou um artigo de 2016, no qual o Ministério de Comércio, Indústria e Pesca do país escandinavo afirma que a caça de baleias é baseada nas melhores evidências científicas disponíveis.

Veja o número de baleias capturadas pela Noruega nos últimos anos:

  • 2017: 432
  • 2016: 591
  • 2015: 660
  • 2014: 736
  • 2013: 594
  • 2012: 464
  • 2011: 533
  • 2010: 468

"Algumas espécies de baleias precisam de proteção, enquanto outras são abundantes", diz o ministério, citando como exemplo as baleias-minke, cuja caça é, segundo o texto, "uma atividade legal, tradicional e de pequena escala".

O artigo afirma ainda que a carne do animal é responsável por uma contribuição saudável para a dieta da população, rica em ômega 3 e gorduras insaturadas.

Segundo a professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Mariana Nery, diversos países, incluindo o Brasil, deixaram de caçar baleias em 1986, quando a Comissão Baleeira Internacional (IWC, na sigla em inglês) determinou uma moratória de proibição.

"A maioria simplesmente parou. A Noruega usa a ideia de tradição para continuar fazendo isso", afirmou a professora da Unicamp.

Mariana explica que a IWC é a responsável por determinar as cotas para a caça comercial e faz o trabalho com base em dados científicos.

"Noruega e Islândia caçam comercialmente, e esses países estabelecem suas próprias cotas, mas eles têm que dar informação para a comissão", disse a professora.

Ela acrescenta que o Japão declara capturar com "fins científicos" para evitar o título de caça comercial. "Eles caçam mais com a desculpa da 'pesquisa', mas sabemos que não é necessário matar para estudar uma espécie."

No dado mais recente da IWC, de 2017, a Noruega declarou ter capturado 432 baleias. O número tem caído desde 2014, quando foram capturadas 736 baleias.

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Estadão
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