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Separadas e bem, siamesas deixam hospital após um ano e 19 dias

Kerolyn e Kauany Ribeiro do Amaral nasceram no dia 31 de janeiro de 2012 unidas pelo abdome

20 fev 2013 - 10h02
(atualizado às 10h21)
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Gêmeas siamesas Kerolyn e Kauany Ribeiro do Amaral deixaram hospital após um ano e 19 dias
Gêmeas siamesas Kerolyn e Kauany Ribeiro do Amaral deixaram hospital após um ano e 19 dias
Foto: Hospital São Vicente de Paulo / Divulgação

As gêmeas siamesas Kerolyn e Kauany Ribeiro do Amaral, que nasceram no dia 31 de janeiro de 2012 unidas pelo abdome, enfim deixaram o Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, na tarde desta terça, dia 19 de fevereiro. As meninas foram separadas com uma cirurgia realizada em outubro do ano passado, e seguiram internadas até que estivessem totalmente recuperadas, livres do risco de infecções pós-operatórias. "Sorridentes e graciosas, elas passaram por momentos difíceis, mas superaram os desafios de enfrentar uma cirurgia de separação como verdadeiras 'guerreiras'", publicou o centro médico em seu site.

Kauany e Kerolyn receberam alta pesando 5,7 kg e 7,03 kg, respectivamente. Segundo o cirurgião pediátrico Gustavo Pileggi Castro, responsável pelo procedimento que separou as irmãs, elas terão uma vida normal daqui para frente. "Os cuidados que elas necessitam é o manejo adequado de uma bolsa de colostomia utilizada para a saída das fezes e o uso de medicação contínua para controlar o refluxo da bexiga. Elas também deverão passar por outras cirurgias para correção de malformações".

Os pais, que esperaram um ano e 19 dias para levarem as filhas para casa, comemoraram. "Estou muito feliz. É uma vitória. Este é o melhor dia da minha vida", disse a mãe Adriana Ribeiro.

Segundo o jornal Zero Hora, para recebê-las em casa, em Marau, foi preparada uma recepção semelhante a uma festa de aniversário, com bonecas e balões enfeitando a garagem, onde os familiares aguardavam a chegada das meninas. Os berços já estavam montados na pequena casa do bairro Jardim do Sol. E com a ajuda dos familiares e de doações, Adriana e Juliano esperam agora encher a moradia de alegria.

Emoção na despedida

Depois de passarem por momentos difíceis e por outros de alegria, como nas comemorações de Natal, Ano-Novo, aniversário e Carnaval, a equipe do hospital teve de lidar com um sentimento ambíguo na despedida. "Ao mesmo tempo em que a gente sabe que elas estão bem e precisam ir para casa, junto da família, nós já estamos com saudades. Dá um nó na garganta", confessou a técnica de enfermagem Marelize Woivoda, que estava cuidando das gêmeas enquanto elas dormiam, horas antes da alta.

Jaqueline Cabeda, pediatra que acompanhou as irmãs durante o período de internação, também se emocionou. "Sinto-me muito feliz. Foi uma batalha que conseguimos vencer. As meninas responderem muito bem ao tratamento pós-cirúrgico. Criamos um vínculo com elas que nos enriqueceu e fez valer cada dificuldade vencida", disse.

"Continuaremos acompanhando as meninas, mas a parte mais difícil já foi realizada", declarou Castro.

O susto da mãe Adriana

Adriana Ribeiro conta que levou dois sustos de uma única vez: descobriu que estava grávida de cinco meses após sentir-se mal e resolver consultar um médico. A gravidez veio no momento em que preparava a documentação para solicitar uma cirurgia de laqueadura. Com duas filhas, uma de 9 e outra de 2 anos, ela não queria ("e não podia") mais ter filhos. "Minha médica resolveu fazer um exame mais detalhado e descobriu que eram gêmeos - e siameses. Chorei muito e não sabia o que dizer para o meu marido, para a minha mãe. Estava grávida de siameses".

Com o susto veio a busca por informações sobre casos semelhantes. "Eu só via tragédia, de cirurgias de separação em que uma das crianças acabava morrendo. Resolvi acreditar em Deus e seguir em frente". Quando as meninas nasceram, o pai, Juliano, 23 anos, precisou largar o emprego para ajudar a família. "Tínhamos outras duas crianças em casa que precisavam ir à escola, de comida. Meu marido começou a trabalhar como autônomo, mas a situação financeira ficou ainda mais difícil", conta a mãe.

Ela sabia de todos os riscos da cirurgia de separação, mas resolveu acreditar que tudo daria certo. "É uma coisa de mãe, a gente encontra muita força para ter esperança".

Gêmeo conjugado: onfalópagos

Estima-se que a cada 50 mil nascimentos de crianças vivas, há probabilidade de ocorrer um caso de gêmeo conjugado. E o tipo das meninas atinge cerca de 6%, que são os denominados onfalópagos. Dentro dos casos raros é uma raridade.

Kauany e Kerolyn nasceram unidas por todo o abdome, dividindo órgãos como fígado, intestino e bexiga. A parte óssea, contudo, era completamente separada, o que permitiu manter as duas perfeitas.

A cirurgia, realizada no dia 2 de outubro de 2012, foi a primeira separação de gêmeas siamesas feita pela equipe do HSVP. A direção médica do hospital chegou a discutir se faria a cirurgia de separação no local ou se encaminhariam para outra instituição.

Fonte: Terra
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