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Cura de bebê cria esperança de geração sem aids, diz ONU

Médicos americanos anunciaram ontem a cura funcional de uma menina soropositiva de 2 anos e meio

4 mar 2013 - 15h13
(atualizado às 16h06)
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Deborah Persaud, coordenadora da pesquisa, anunciou a inédita cura funcional de uma criança infectada pelo HIV
Deborah Persaud, coordenadora da pesquisa, anunciou a inédita cura funcional de uma criança infectada pelo HIV
Foto: Reuters

O Unaids, programa da ONU para o combate à Aids, comemorou a notícia de que uma criança de 2 anos pode ter sido completamente curada do vírus nos Estados Unidos.

Em comunicado, a ONU afirma que, se os resultados forem confirmados, este será o primeiro caso documentado de uma criança com o vírus HIV que parece não ter mais níveis detectáveis do vírus após parar o tratamento.

"Essa notícia nos dá muita esperança de que uma cura para o HIV em crianças é possível e pode ser um passo a mais rumo a uma geração livre da Aids", disse o diretor executivo da Unaids, Michel Sidibé, em comunicado oficia.

"Isso também ressalta a necessidade de pesquisa e inovação, especialmente na área do diagnóstico precoce."

Mais testes

Médicos americanos revelaram no domingo que uma menina soropositiva do estado do Mississippi (sul do país), de 2 anos e meio, não demonstra sinais de infecção pelo vírus após deixar o tratamento por cerca de um ano.

No entanto, mais testes serão necessários para assegurar que o tratamento - que foi iniciado 30 horas após o nascimento da menina - funcionaria para outras pessoas.

A virologista Deborah Persaud, da Universidade Johns Hopkins em Baltimore, apresentou os resultados do tratamento na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas em Atlanta. "É uma prova do conceito de que o HIV pode ser potencialmente curável em crianças", disse.

Coquetel antivírus

Se a garota americana continuar saudável, esse será o segundo caso documentado de um soropositivo que consegue se livrar do vírus HIV.

Em 2007, Timothy Ray Brown se tornou a primeira pessoa. Sua infecção foi erradicada por meio de um tratamento elaborado para a leucemia, que envolveu a destruição de seu sistema imunológico e um transplante de medula de um doador com uma mutação genética rara que resistia à ação do vírus.

O caso do bebê do Mississippi envolveu um coquetel de drogas disponíveis no mercado, conhecido como terapia antiretroviral, que já é usado para tratar a infecção em crianças.

Os resultados sugerem que o tratamento rápido aniquilou o vírus antes de que ele pudesse se depositar em "esconderijos" no organismo, os chamados reservatórios de células dormentes.

A existência desses reservatórios geralmente faz com que pessoas que interrompem o tratamento com o coquetel voltem a ter os níveis anteriores de infecção, segundo Deborah Persaud.

Surpresa

A menina nasceu em um hospital rural onde a mãe havia sido testada positivamente para infecção por HIV. Porque a mãe não havia recebido nenhum tratamento pré-natal contra o HIV, os médicos sabiam que o bebê corria um alto risco de estar infectado.

De acordo com os pesquisadores, a menina foi transferida para o Centro Médico da Universidade do Mississippi em Jackson.

Uma vez lá, a especialista em HIV pediátrico Hannah Gay deu início ao tratamento com o coquetel de drogas apenas 30 horas depois do nascimento do bebê, mesmo antes de os testes de laboratório confirmarem a infecção pelo vírus.

O tratamento continuou por 18 meses, mas nesse momento a criança deixou de frequentar o hospital. Cinco meses depois, a mãe e a filha voltaram, mas haviam parado o tratamento.

Os médicos fizeram testes para determinar se o vírus havia retornado e ficaram surpresos ao descobrir que não. "Muitos médicos de seis laboratórios diferentes fizeram testes diferentes e muito sofisticados para tentar encontrar o HIV nessa criança e ninguém conseguiu encontrar nada", disse Rowena Johnston, médica da Fundação de Pesquisa sobre Aids.

"Estamos confiantes de concluir até esse momento que a criança parece estar curada", completou.

Foto: AFP

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