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Antártida: incêndio não interrompeu totalmente projetos científicos brasileiros

25 fev 2013 - 07h44
(atualizado às 09h29)
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Há um ano, incêndio atingiu estação brasileira na Antártida, causando a morte de dois militares
Foto: Armada de Chile / Reuters

Apesar da destruição da Estação Antártica Comandante Ferraz, em fevereiro de 2012 - quando dois militares morreram -, os projetos científicos não foram interrompidos. Muitos deles se desenvolveram posteriormente em laboratórios em território nacional, nos navios brasileiros na Antártida e na Criosfera 1, o módulo inaugurado em 2012 e situado a 2,5 mil km ao sul da área onde se localizava a Comandante Ferraz. "É bom lembrar que as pesquisas continuam plenamente", afirma Jefferson Simões, coordenador-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera e delegado brasileiro no Comitê Internacional de Pesquisas Antárticas. "Como um todo, a pesquisa não parou. Sessenta por cento das pesquisas, como a da vida marinha, são feitas de navios ou alojamentos. Em cima do heliporto, que foi reinstalado, serão colocados esses módulos emergenciais".

Antártida: conheça o continente gelado

Maria Virgína Petry, pesquisadora no Laboratório de Ornitologia e Animais Marinhos da Unisinos e vice-coordenadora do Módulo II (Impacto das Mudanças Globais sobre as Comunidades Terrestres) do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais, diz que o prejuízo científico causado pelo incêndio do ano passado foi a perda do banco de dados referente a janeiro e fevereiro de 2012. "Acompanhamos a reprodução de aves de outubro a março em diversas ilhas também. Utilizamos um geolocalizador para fazer esse acompanhamento, e temos utilizado o navio Almirante Maximiamo", conta.

De acordo com a Marinha, estão sendo apoiados 21 projetos científicos de diferentes áreas de conhecimento, selecionados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Entre eles, destacam-se as pesquisas de estudo da biodiversidade e do ecossistema antártico, as investigações sobre as mudanças climáticas naquela região e suas consequências em nível global e as pesquisas nas áreas de oceanografia, glaciologia e geologia.

As equipes e os equipamentos se dividem para trabalhar em duas frentes: a pesquisa científica e a reconstrução da estação. A Força Aérea Brasileira apoia a Operação com 10 voos para a Antártida, em aeronaves C-130. Segundo o planejamento, a atuação marinha se desenvolve em cinco navios: o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel e o Navio de Socorro Submarino Felinto Perry se dedicam ao apoio aos trabalhos na área da EACF e em projetos científicos no interior das baías do Almirantado e Maxwell. O Navio Polar Almirante Maximiano é empregado quase exclusivamente no auxílio logístico aos projetos científicos com atividades fora das baías do Almirantado e Maxwell, com prioridade para as pesquisas oceanográficas. O Navio Mercante Germânia encarrega-se do apoio à limpeza da EACF e da instalação dos módulos emergenciais. Além deles, também é utilizado o Navio de Apoio Logístico Ara San Blas, da Marinha Argentina.

Três décadas de presença brasileira na Antártida

A importância da atuação do Brasil na Antártida, principiada em 1982, não é apenas científica, com estudos sobre a camada de ozônio, vida marinha e fenômenos naturais. A presença brasileira garante participação no processo decisório do futuro do continente, que fica a 550 milhas marítimas da América do Sul e influencia o clima e o regime dos mares no País.

Um século de pesquisa antártica

Se hoje a Antártida é inóspita, pode-se imaginar como ela era há um século, antes do contato com humanos. Apesar do ambiente desolador e hostil, foi há pouco mais de cem anos, em 1912, que a ciência antártica teve início. A expedição Terra Nova, do britânico Robert Falcon Scott, aliava dois objetivos: a conquista do Polo Sul e o avanço da pesquisa científica na Antártida. O primeiro objetivo foi frustrado por noruegueses, liderados por Roald Amundsen, que fincaram bandeira 33 dias antes do grupo inglês. O segundo, porém, foi plenamente atingido. Infelizmente, os esforços em nome da ciência explicam parte da tragédia: quatro dos exploradores britânicos, inclusive o comandante, morreram de fome e frio na neve.

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