Açúcar é a nova arma para combater os cupins
Se você já teve de enfrentar os tenazes cupins, talvez esteja chegando a hora de uma doce vingança. Uma substância derivada da glicose parece ser capaz de debilitar o sistema imunológico dos insetos e os torna vulneráveis a infecções transmitidas por micróbios letais, aponta um novo estudo.
As constatações podem dar origem a uma nova classe de produtos de controle de insetos, menos prejudiciais à saúde, afirmam os autores de um estudo sobre o tema.
"Queríamos alguma coisa que não fizesse mal ao meio ambiente, fosse biodegradável e não exercesse papel tóxico", disse Ram Sasisekharan, engenheiro biológico do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e co-autor do estudo.
A descoberta foi inspirada pelas formas de combate a doenças que o corpo humano desenvolve.
"Se um organismo estiver comprometido do ponto de vista imunológico, ele será morto por infecções oportunistas", disse Ram Sasisekharan. Os cupins são vulneráveis a apenas alguns tipos de micróbios, e a evolução armou esses insetos com uma arma específica de combate a doenças: uma proteína em seus corpos que funciona como agente antimicrobiano.
Para reforçar a proteção em seus locais de residência, os insetos secretam essa proteína em seus ninhos, nos quais ela libera compostos que combatem as invasões por micróbios - "uma maneira muito inteligente de garantir que micróbios não infestem suas colônias", disse Ram Sasisekharan.
Quando os pesquisadores expuseram os cupins a um derivativo de glicose conhecido como GDL, a substância bloqueou a formação da proteína protetora dos insetos, e com isso os cupins morreram rapidamente por efeito de doenças.
Barato e seguro
Os cupins e outras pragas causam danos anuais estimados em US$ 30 bilhões a safras, edificações e outras estruturas nos Estados Unidos, de acordo com o estudo. No entanto, alguns dos métodos tradicionais de controle de pragas podem ser prejudiciais a pessoas e ao meio ambiente. Pesquisas preliminares revelaram, por exemplo, um possível vínculo entre a exposição a pesticidas - que paralisa o sistema nervoso central de um inseto- e a incidência do Mal de Parkinson em seres humanos.
"Nossa esperança é que essa abordagem diferente, que com sorte se provará mais seletiva e menos tóxica, represente uma oportunidade nova para desenvolver medidas de controle de pragas", disse Sasisekharan.
Além disso, o derivativo de açúcar tem custo baixo e poderia funcionar igualmente para outras pragas, como gafanhotos e baratas. As constatações da pesquisa foram publicadas em artigo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.