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Os planos da China para virar nova superpotência espacial

A China é o terceiro país na história a colocar astronautas no espaço e construir uma estação espacial, depois da União Soviética (agora Rússia) e dos EUA.

7 jun 2022 - 07h39
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Bandeira chinesa no espaço com a Terra ao fundo
Bandeira chinesa no espaço com a Terra ao fundo
Foto: BBC/Getty Images/Nasa / BBC News Brasil

Três astronautas chineses iniciaram uma missão de seis meses para trabalhar na nova estação espacial do país.

É o passo mais recente da China para se tornar uma superpotência espacial nas próximas décadas.

O que é a estação espacial Tiangong?

No ano passado, a China colocou em órbita o primeiro módulo de sua estação espacial Tiangong ou "Palácio Celestial". E planeja adicionar mais módulos, como o laboratório científico Mengtian, até o fim do ano.

No ano que vem, lançará um telescópio espacial, chamado Xuntian. Ele vai orbitar perto da estação espacial e vai se acoplar a ela para manutenção e reabastecimento.

A Tiangong terá sua própria energia, propulsão, sistemas de suporte à vida e alojamentos.

A China é o terceiro país na história a colocar astronautas no espaço e construir uma estação espacial, depois da União Soviética (agora Rússia) e dos EUA.

Infográfico mostra como será a estação espacial da China
Infográfico mostra como será a estação espacial da China
Foto: BBC News Brasil

O país tem grandes ambições para Tiangong e espera que substitua a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), que deve ser desativada em 2031.

Os astronautas chineses estão excluídos da ISS porque a lei dos EUA proíbe a Nasa, agência espacial americana, de compartilhar dados com a China.

Os planos da China para chegar à Lua e a Marte

As ambições da China não param por aí. Daqui a alguns anos, ela quer coletar amostras de asteroides próximos à Terra.

Até 2030, pretende colocar seus primeiros astronautas na Lua e enviar sondas para coletar amostras de Marte e Júpiter.

Infográfico mostra planos da China para exploração espacial
Infográfico mostra planos da China para exploração espacial
Foto: BBC News Brasil

O que outros países estão fazendo?

À medida que a China expande seu papel no espaço, vários outros países também pretendem chegar à Lua.

A Nasa pretende retornar à Lua com astronautas dos EUA e de outros países a partir de 2025, e já implementou seu novo foguete gigante, o Sistema de Lançamento Espacial (SLS, na sigla em inglês), no Centro Espacial John F. Kennedy, na Flórida.

O Japão, a Coreia do Sul, a Rússia, a Índia e os Emirados Árabes Unidos também estão trabalhando em suas próprias missões à Lua.

A Índia lançou sua segunda grande missão lunar e quer ter sua própria estação espacial até 2030.

Enquanto isso, a Agência Espacial Europeia, que está trabalhando com a Nasa em missões para a Lua, também está planejando uma rede de satélites lunares para facilitar a comunicação dos astronautas com a Terra.

Quem faz as regras para o espaço?

- O Tratado do Espaço Sideral da ONU de 1967 diz que nenhum lugar no espaço pode ser reivindicado por qualquer nação;

- O Acordo da Lua da ONU de 1979 prevê que o espaço não deve ser explorado comercialmente, mas os EUA, a China e a Rússia se recusaram a assinar;

- Agora, os EUA estão promovendo o Acordo Artemis, explicando como as nações podem explorar os minerais da Lua de forma cooperativa;

- A Rússia e a China não vão assinar o Acordo Artemis, argumentando que os EUA não têm direito de fazer as regras para o espaço.

Qual é a história da China no espaço?

A China colocou seu primeiro satélite em órbita em 1970 — quando passava por grandes turbulências causadas pela Revolução Cultural.

As outras únicas potências que chegaram ao espaço nessa fase foram os EUA, a União Soviética, a França e o Japão.

Nos últimos 10 anos, a China lançou mais de 200 foguetes.

Já enviou uma missão não tripulada à Lua, chamada Chang'e 5, para coletar amostras de rochas. E hasteou uma bandeira chinesa na superfície lunar — que era propositalmente maior do que as bandeiras anteriores dos EUA.

Com o lançamento da Shenzhou 14, a China já enviou 14 astronautas ao espaço, em comparação com 340 dos EUA e mais de 130 da União Soviética (agora Rússia).

Mas houve contratempos. Em 2021, parte de um foguete chinês saiu de órbita e caiu no Oceano Atlântico, e dois lançamentos falharam em 2020.

Gráfico mostra os países que mais investem em tecnologia espacial
Gráfico mostra os países que mais investem em tecnologia espacial
Foto: BBC News Brasil

Quem está pagando pelo programa espacial da China?

A imprensa estatal chinesa Xinhua disse que pelo menos 300 mil pessoas trabalharam nos projetos espaciais da China — quase 18 vezes mais do que atualmente trabalham para a Nasa.

A Administração Espacial Nacional da China foi criada em 2003 com um orçamento anual inicial de 2 bilhões de yuans (US$ 300 milhões).

No entanto, em 2016, a China abriu sua indústria espacial para empresas privadas, que agora estão investindo mais de 10 bilhões de yuans (US$ 1,5 bilhão) por ano, segundo a imprensa chinesa.

Gráfico mostra principais marcos do setor espacial comercial da China
Gráfico mostra principais marcos do setor espacial comercial da China
Foto: BBC News Brasil

Por que a China está indo para o espaço?

A China deseja desenvolver sua tecnologia de satélite para telecomunicações, gerenciamento de tráfego aéreo, previsão do tempo, navegação e muito mais.

Mas muitos de seus satélites também têm propósitos militares. Eles podem ajudar o país a espionar potências rivais e guiar mísseis de longo alcance.

Lucinda King, gerente de projetos espaciais da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, diz que a China não está apenas se concentrando em missões espaciais de alto nível.

"Eles são prolíficos em todos os aspectos do espaço. Têm a motivação política e os recursos para financiar seus programas planejados."

As missões da China à Lua são parcialmente motivadas pelas oportunidades de extrair metais de terras raras da sua superfície.

No entanto, o professor Sa'id Mosteshar, diretor do Instituto de Política e Direito Espacial de Londres, da Universidade de Londres, no Reino Unido, afirma que provavelmente não compensaria para a China enviar repetidas missões de mineração à Lua.

Em vez disso, ele diz que o programa espacial chinês é impulsionado mais pelo desejo de impressionar o resto do mundo.

"É uma projeção de poder e uma demonstração de avanço tecnológico."

Reportagem adicional de Jeremy Howell e Tim Bowler.

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