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O misterioso sinal espacial detectado há 40 anos que até hoje intriga astrônomos

Onda durou 72 segundos e marcou seu pico de intensidade 30 vezes mais forte que os sons normalmente emitidos pelo Universo.; alguns cientistas não descartam que sua origem seja extraterrestre.

16 ago 2017 - 15h24
(atualizado às 15h36)
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Sinal Uau
Sinal Uau
Foto: BBC News Brasil

Era cerca de meia-noite de 15 de agosto de 1977 quando um telescópio conhecido como "The Big Ear" (A grande orelha") captou um sinal espacial misterioso.

Foi uma onda que durou 72 segundos e que marcou seu pico de intensidade 30 vezes mais forte que os sons normalmente emitidos pelo Universo.

Na manhã seguinte, o astrônomo Jerry Ehman detectou esse sinal ao revisar os relatórios emitidos pelo computador do telescópio, operado pela Universidade de Ohio, nos Estados Unidos.

Tratava-se de uma onda eletromagnética ou de rádio representada pelo código 6EQUJ5.

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O computador do telescópio usava os números de 0 a 9 para representar as ondas de frequência baixas e as letras de A a Z para as mais altas, todas medidas em megahertz.

Isso signigica dizer, basicamente, que a presença da letra U no código significava que o sinal havia alcançado uma das frequências mais altas na escala de medida de ondas eletromagnéticas.

Diante da surpresa, Ehman escreveu "Uau!" (Wow!, em inglês) com caneta vermelha ao lado da combinação de seis números e letras.

Desde então, a onda ficou conhecida pelos astrônomos como o sinal "Uau!".

Sinal alienígena?

"Nunca havia visto um sinal tão forte antes", disse o astrônomo Ehman depois da sua descoberta, segundo a NPR, emissora pública de rádio dos Estados Unidos. "'U' significa um sinal cerca de 30 vezes mais forte do que o ruído ordinário do espaço profundo."

Só que, desde a descoberta de Ehman, nenhum outro cientista conseguiu detectar o sinal "Uau" outra vez, nem determinar de onde ele veio.

Ehman descartou a possibilidade de o sinal ter vindo de um satélite, de uma operação militar ou de uma aeronave terrestre, de acordo com a NPR.

Apenas o que se sabe é que a onda veio de algum lugar próximo à constelação Sagitário.

Seth Shostak, astrônomo do Instituto de Busca de Inteligência Extraterrestre (Seti, na sigla em inglês), disse à BBC que "a maneira como o sinal apareceu e desapareceu (em 1977), a forma como aumentou sua intensidade e logo sumiu faz com que até pareça ser um sinal extraterrestre".

Robert Dixon, que foi diretor do Observatório de Rádio da Universidade de Ohio quando o "Uau" apareceu, também continua intrigado pelo caso.

"Ele se apagou imediatamente quando (o telescópio) voltou a observar nessa direção, indicando que tinha uma origem inteligente, não de um fenômeno natural", disse em artigo publicado na terça-feira no site do Seti.

"É emocionante pensar isso, mas não é necessariamente uma verdade comprovada", complementa Shostak.

Enviada por um cometa?

Em outro texto publicado no site do Seti em junho, Shostak menciona uma investigação realizada por Antonio Paris e Evan Davie em que sustenta que o sinal "Uau" poderia ter vindo de uma "emissão de rádio que veio do hidrogênio que fluía fora de um cometa próximo".

Paris e Davie argumentam, segundo o cientista do Seti, que havia dois cometas apontando na direção da antena da Universidade de Ohio, o que explicaria o sinal misterioso.

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Espaço
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Foto: BBC News Brasil

Mas Shostak é cético quanto a essa hipótese. "Nunca ouvi falar de alguém que houvesse medido sinais de hidrogênio provenientes de um cometa (tão fortes como o sinal de Ehman)", argumenta.

E o "Uau" não é o único sinal estranho e misterioso que foi detectado por astrônomos na Terra.

"Nos anos 1970 e 1980, houve muitas ondas que foram recebidas somente uma vez e nunca mais voltaram a ser captadas", conta Shostak.

O especialista explica que, nessa época, era muito difícil identificar os sinais, mas atualmente "os radares se tornaram mais sofisticados e não há mais sinais 'Uau'".

"Agora é mais fácil rastrear tudo", afirma. Ele diz que, de todas as ondas misteriosas registradas, a "Uau" é a mais conhecida "provavelmente porque tem um nome bonito".

E, no artigo que publicou em junho, ele lembra que, se a onda foi de fato enviada por alienígenas, quem sabe "algum dia poderemos recebê-la outra vez".

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