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Motor falha e nave russa faz pouso de emergência no Casaquistão

Sistema de segurança foi usado pela segunda vez na história para salvar dois astronautas

11 out 2018 - 08h02
(atualizado às 22h32)
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SÃO PAULO - Após uma falha no motor, a nave espacial Soyuz MS-10, que havia decolado nesta quinta-feira, 11, com o astronauta russo Alexéi Ovchinin e o americano Nick Hague a bordo, teve de regressar e fazer um pouso de emergência no Casaquistão. Os astronautas foram resgatados e passam bem.

O lançamento da nave espacial ocorreu em Baikonur, no Casaquistão, às 8h40 (horário local). A previsão era de que ela desse quatro voltas ao redor do planeta para se acoplar, após seis horas, à Estação Espacial Internacional (EEI). Horas depois da chegada, os astronautas se juntariam a outros três que já estão na estação.

Pouco depois de decolar, no entanto, o propulsor começou a falhar. Segundo autoridades russas, a cápsula se separou do resto do foguete 123 segundos depois do lançamento e foi ejetada de maneira automática pelo sistema de segurança.

A nave Soyuz desceu para a Terra em uma trajetória balística e aterrissou próximo a Jezkazgan, no Casaquistão. Vídeo divulgado nesta quinta pela agência espacial americana (Nasa) mostrou os dois astronautas sendo sacudidos durante o pouso. É possível, ainda, ouvir Ovchinin dizer: "Isso foi um voo rápido".

O mecanismo foi utilizado nesta quinta pela segunda vez na história. O último acidente desse tipo havia acontecido em setembro de 1983, quando a nave Soyuz T-10 transportava dois cosmonautas soviéticos com destino à estação espacial Saliut. Na ocasião, a falha foi observada nos segundos que antecederam a decolagem.

"Esse incidente mostra o quão perigosa é a nossa profissão. E também demonstra o grande sistema de interrupção da Soyuz. Foi ótimo ver como a nave e os astronautas lidaram com esta emergência", disse nesta quinta o chefe adjunto de astronautas da Nasa, Reid Wiseman.

A Nasa anunciou que abrirá uma investigação "exaustiva" para apurar os motivos do fracasso na decolagem. "A segurança da tripulação é a máxima prioridade", disse a agência espacial americana em um comunicado. O governo da Rússia prometeu transparência na investigação. "Certamente, não vamos esconder os motivos", disse Yuri Borisov, vice-primeiro-ministro russo.

O governo russo suspendeu todos os lançamentos previstos da Soyuz. Os foguetes russos Soyuz, que têm sido os únicos transportadores dos astronautas à EEI desde 2011, ficarão em terra até que seja concluída a investigação. O próximo lançamento de um foguete Soyuz, com três novos membros da tripulação à EEI, estava programado para 20 de dezembro.

A Agência Espacial Europeia não descartou a possibilidade de que os três tripulantes atuais da EEI - o alemão Alexander Gerst, a americana Serena Aunon-Chancellor e o russo Serguei Prokopiev - fiquem mais tempo no espaço, pois eles deveriam retornar em dezembro. Em geral, a EEI tem cinco ou seis pessoas a bordo para missões de seis meses.

Um possível problema é que a nave que permite que eles regressem à Terra, que já está na EEI, tem limite de 210 dias desde que se acoplou ao laboratório orbital em junho, por causa da duração das baterias instaladas a bordo. Isso marca o mês de janeiro, em teoria, como prazo-limite para voltar à Terra.

Em relação à comida, a tripulação pode se manter durante muitos meses e a EEI recebe reposição de suprimentos regularmente por missões de carga japonesas e americanas.

Médicos

Os astronautas resgatados nesta quinta após o pouso de emergência estão com suas famílias e com médicos em Baikonur, no Casaquistão. "Passarão a noite lá e prevemos que amanhã (sexta-feira, 12) eles irão a Moscou, cidade onde fazem seus treinamentos", afirmou Wiseman, em declarações ao canal da Nasa. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Estadão
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