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Inovações em garagens miram em mobilidade e segurança

Novidades no setor podem mitigar problemas urbanos

18 abr 2019 - 20h00
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Tradicionalmente resistente a novidades tecnológicas, o setor de estacionamentos e garagens começou a aderir à inovação, em um movimento que pode contribuir para mitigar dois dos principais problemas de grandes cidades: mobilidade urbana e segurança.

Nos últimos anos, esse tipo de negócio presenciou uma notável evolução da tecnologia disponível para incrementar a gestão, como leitores de placas e tags que evitam a abertura da janela, autopagamento e aplicativos de reservas de vagas.

"Até cinco, sete anos atrás, era um setor onde os maiores operadores estavam havia 30 anos. Na última década, essas pessoas se profissionalizaram. Alguns fundos de investimento compraram participação nessas empresas, e isso abriu um pouco mais. Essa resistência está se quebrando", explica, em entrevista à ANSA, Fernando Braz, consultor de estacionamentos e editor da revista Portal Parking.

A publicação organiza, em parceria com a Cipa Fiera Milano, a Parking Lab Expo, que acontece de 21 a 23 de maio, em São Paulo, e apresentará as principais novidades no segmento de garagens e estacionamentos. O evento será realizado no São Paulo Expo, simultaneamente à feira de segurança Exposec.

A Parking Lab Expo também terá um congresso que discutirá temas ligados ao presente e ao futuro do setor. Uma das palestrantes será Carolina Edelstein, CEO da Coopark e que falará sobre o "estacionamento na era da conectividade".

Sua plataforma, criada em 2017, atua em três frentes: reserva antecipada de vagas; prospecção de vagas para funcionários de empresas; e um aplicativo de pagamento automático por código QR.

"O setor de estacionamentos é bem conservador, bem antigo, mas está cada vez mais se abrindo. Com a questão do Uber, os estacionamentos não podem ficar parados. Quem sai na frente são aqueles que entendem que não podem ficar parados", diz.

Segundo Edelstein, o fato de a pessoa poder reservar uma vaga em um estacionamento pode incidir diretamente na melhora do trânsito. "As pessoas não sabem, mas o estacionamento impacta diretamente na nossa vida. Uma média de 20% a 30% do tráfego é de gente procurando vaga. As pessoas vão ao parque, ao restaurante, a uma reunião, e esquecem que precisam estacionar.

Quando a pessoa sabe direto para onde ir, não precisa ficar rodando, andando devagar, o que diminui o fluxo de carros na cidade", afirma a CEO da Coopark.

Já para Braz, a tendência desse mercado atualmente é a conectividade. "Antes você procurava vaga indo de garagem em garagem. Hoje já existem dezenas de aplicativos que indicam a disponibilidade de vagas e até fazem reservas", salienta.

Outra novidade que traz benefícios à mobilidade urbana é o surgimento de parcerias com serviços de aluguel de bicicletas ou patinetes, como destaca Rodrigo Lucca, diretor-executivo do Grupo Verzani & Sandrini. "Esses são os principais aliados, atualmente, dos estacionamentos na melhora da mobilidade urbana", afirma.

O grupo, que também estará no congresso da Parking Lab, é dono da VS Parking, empresa que oferece soluções personalizadas para planejamento e gestão de estacionamentos. "A tecnologia evoluiu muito nos últimos anos. Atualmente, as principais estão voltadas a reduzir o 'atrito' do cliente, fazendo com que a experiência dele seja ágil, tanto na entrada quanto na saída", ressalta Lucca.

Segurança e futuro

Mas não é apenas na mobilidade urbana que a evolução tecnológica pode provocar efeitos positivos: a segurança, uma das principais preocupações em um país com elevados índices de criminalidade, também pode ser beneficiada.

Uma das novidades que aumentam a sensação de proteção é a leitura automática das placas dos veículos, um recurso ainda pouco utilizado no Brasil. "Hoje, 95% das garagens usam um sistema automatizado que emite tíquete, mas não o associa a nenhuma placa. Com o custo menor da tecnologia, isso vai aumentar muito a segurança", afirma Braz, da Portal Parking.

Em São Paulo, por exemplo, já há projetos nos quais garagens recebem informações do poder público sobre veículos roubados e conseguem monitorá-los caso um deles estacione em suas vagas. Outro fator que aumenta a segurança é a redução do uso de dinheiro vivo nos estabelecimentos.

"O Brasil tem altos índices de furtos e roubos. Todavia, na área de estacionamentos, esses índices estão sendo reduzidos drasticamente, e o principal motivo é a redução de papel-moeda nas operações, migrando para cartões ou pagamentos via débito direto. Sistemas inteligentes de monitoramento interligados com centrais ativas também evitam tentativas de crime em nossas unidades", ressalta Lucca, do Grupo Verzani & Sandrini.

Pensando no futuro, uma das apostas de Braz é nas garagens robotizadas, já comuns em outros países, como a China, mas ainda incipientes no Brasil. Nesse tipo de estacionamento, o cliente deixa o carro em uma espécie de elevador, que guarda e devolve o automóvel sem necessidade de intervenção humana.

Segundo o consultor, ainda existe um certo "medo" no mercado brasileiro quanto a esse tipo de solução, mas a tendência é que os benefícios no bolso falem mais alto. "O medo ainda existe, mas vai acabar, porque o custo por vaga dessa tecnologia caiu a ponto de a garagem robotizada sair mais barata do que a construção convencional. O argumento vai ser o preço", explica.

Todas essas soluções tendem a diminuir o custo dos estacionamentos com mão de obra, que, por outro lado, terá de ser cada vez mais especializada. "Hoje existe uma transição dos controles manuais, que necessitavam de mais pessoas na ponta, para a tecnologia. Essa mão de obra, no entanto, está se qualificando e atuando na áreas de inteligência, gestão operacional e financeira, gerando muito mais resultados", diz Lucca.

Ansa - Brasil   
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