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Febre Gagarin retorna no 50º aniversário da odisseia espacial

11 abr 2011 - 06h06
(atualizado às 10h38)
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Uma nova onda de curiosidade para desvendar a vida e a morte do primeiro homem a pisar no espaço, Yuri Gagarin, se espalha pelo mundo as vésperas do 50º aniversário da odisseia do cosmonauta soviético.

"O importante é que temos salsichão para acompanhar aguardente", brincou Gagarin pouco antes de a nave "Vostok" ser lançada ao espaço em 12 de abril de 1961. Gagarin (1934-68) manteve uma breve conversa, que entrou para os anais da história, com o pai do programa espacial soviético, Sergei Korolev, que tentava acalmar os nervos do cosmonauta.

"Aí você têm café da manhã, almoço e jantar. Embutidos, balas e chá. Ao todo, 63 peças. Vai voltar engordar", falou à época Korolev, obsessivo para que o cosmonauta tivesse alimentos suficientes antes de retornar à Terra.

A integridade de Gagarin foi tal que até teve tempo de rir dos nervosos técnicos que o acompanharam até o interior da "Vostok" quando, devido a uma falha hermética, tiveram de retirar e colocar cada um dos 32 parafusos que selavam a escotilha. Logo em seguida, Gagarin pronunciou o famoso "Vamos lá!", após o qual deu início a volta no planeta em 108 minutos.

"Os primeiros sempre são pessoas de sorte. É preciso reconhecer que o bem-sucedido voo de Gagarin foi em grande parte uma questão de sorte", garante Anatoli Davydov, subchefe da agência espacial russa, Roscosmos. Ao comentar os documentos soviéticos recém desclassificados sobre a odisseia, Davydov garante que "podem ter ocorrido inúmeras situações desagradáveis".

"Mas não ocorreram", matizou o funcionário, quem garante que a ideia inicial era que Gagarin desse uma só volta ao redor da Terra, mas Korolev decidiu fornecer mais alimentos para o caso de complicações. Os voos experimentais realizados com animais, como a famosa cadela Laika em 1957, demonstraram que o estado vital piora dramaticamente a partir da terceira volta.

Nem todos acreditavam que o voo tivesse sucesso, que Gagarin retornasse vivo e que não perderia a razão, portanto as autoridades soviéticas prepararam de antemão três versões oficiais sobre o fato.

Outra preocupação das autoridades dizia respeito à hipótese de Gagarin aterrissar fora do território soviético, por isso a agência oficial de notícias "Tass" preparou um documento informando todas as nações sobre a viagem do cosmonauta poderia aterrissar em seu solo. O próprio Gagarin, muito consciente do risco da gravidade zero, escreveu uma carta a sua esposa, na qual dava permissão para casar-se novamente e pedia que educasse suas duas filhas "não como pequenas princesas, mas como pessoas normais".

Finalmente, "Tass" emitiu um documento com o título de "Sobre o bem-sucedido retorno do homem do primeiro voo espacial" no qual dizia que "às 10h55 no horário de Moscou a nave espacial Vostok aterrissou na região prevista da União Soviética".

"O piloto-cosmonauta major Gagarin comunicou: ''Peço que informe ao Governo que a aterrissagem transcorreu com normalidade, que estou bem e não sofri qualquer lesão", acrescentou. Outro aspecto que ainda tira o sono de muitos é a suspeita de que a morte de Gagarin em 27 de março de 1968 durante um voo de treinamento a bordo de um caça Mig na região de Vladimir, que levou alguns analistas a falar de uma conspiração.

"A causa mais provável da catástrofe foi uma brusca manobra para evitar uma sonda", assinalou nesta semana Aleksandr Stepanov, chefe dos arquivos do Kremlin. O relatório secreto de novembro de 1968 aponta que "a brusca manobra levou à entrada do avião em um estado crítico de voo e a sua queda em condições climatológicas adversas".

Os desclassificados relatórios da comissão que investigou a tragédia também indicam "a improvável causa" que o acidente ocorresse quando Gagarin tentava evitar a entrada em uma camada de nuvens. Roscosmos aproveitou o aniversário para negar que Gagarin e outros cosmonautas soviéticos tivessem visto ou mantido contato com objetos voadores não identificados (óvni) procedentes de outros planetas.

A pedido da Rússia, a Assembleia Geral da ONU declarou em 12 de abril "Dia Internacional do Voo do Homem ao Espaço", que Moscou realizará com diversos atos, incluindo uma salva de artilharia de 50 tiros de canhão a partir do Kremlin.

Em outros países do mundo, o cosmonauta será homenageado, como é o caso da estátua que será erguida na lendária praça Trafalgar de Londres, a primeira cidade que após seu histórico voo Gagarin visitou fora do espaço socialista.

EFE   
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