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Farout: o planeta anão cor-de-rosa que é o objeto mais distante já observado no Sistema Solar

Captado por telescópios no Havaí e no Chile, o objeto recém-descoberto demora mil anos para dar uma volta em torno do Sol.

19 dez 2018 - 12h41
(atualizado às 15h50)
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Apelidado de Farout, o planeta anão demora cerca de mil anos para dar uma voltar em torno do sol
Apelidado de Farout, o planeta anão demora cerca de mil anos para dar uma voltar em torno do sol
Foto: Roberto Molar Candanosa/Carnegie Institution / BBC News Brasil

É o objeto mais distante registrado no Sistema Solar: um planeta anão que está a 120 unidades astronômicas da nossa estrela - cem vezes a distância entre a Terra e o Sol.

O pequeno planeta, a quase 18 bilhões de quilômetros da Terra, foi descoberto por uma equipe de astrônomos que usou telescópios no Havaí e no Chile.

Ele foi designado provisoriamente como 2018 VG18 e apelidado de Farout (muito distante, em inglês).

"Tudo o que sabemos por enquanto sobre o 2018 VG18 é seu diâmetro aproximado, sua cor e sua distância do Sol", disse David Tholen, pesquisador da Universidade do Havaí e membro da equipe que descobriu o planeta.

Um ano de mil anos

A descoberta foi anunciada pelo Centro de Planetas Menores da União Astronômica Internacional.

O Farout tem cerca de 500 km de diâmetro (1/7 do tamanho da Lua) e sua cor rosada pode indicar que é rico em hélio.

Imagem do planeta anão 2018 VG18, o Farout, captada pelo telescópio Subaru, no Havaí, em 10 de novembro
Imagem do planeta anão 2018 VG18, o Farout, captada pelo telescópio Subaru, no Havaí, em 10 de novembro
Foto: Scott S Sheppard/David Tholen / BBC News Brasil

"Como 2018 VG18 está muito distante (e, portanto, tem uma órbita maior), ele demora cerca de mil anos para dar um volta ao redor do Sol", diz Tholen.

A descoberta do Farout tira o recorde do planeta anão Eris, que está a cerca de 96 unidades astronômicas do Sol e era até então o objeto mais distante encontrado ao redor de nossa estrela.

O misterioso planeta 9

Os astrônomos pesquisam objetos muito distantes em busca de indícios da influência gravitacional do chamado Planeta X, um planeta várias vezes maior que a Terra e que seria o planeta 9, ou seja, o nono planeta do sistema, depois de Netuno.

Plutão, que durante décadas foi considerado o nono planeta do Sistema Solar, foi reclassificado como planeta anão em 2006, em meio a um intenso debate. Na época, um objeto maior que ele e outros de tamanho próximo foram descobertos, e a União Astronômica Internacional decidiu que deveria haver uma melhor definição do que é um planeta.

O planeta 9 nunca foi observado, mas os astrônomos calculam que ele exista devido ao seu efeito na órbita de de outros corpos menores.

Ilustração divulgada pelo Instituto Carnegie para a Ciência mostra a distância relativa de 2018 VG18 em comparação a outros objetos do Sistema Solar
Ilustração divulgada pelo Instituto Carnegie para a Ciência mostra a distância relativa de 2018 VG18 em comparação a outros objetos do Sistema Solar
Foto: Roberto Molar Candanosa/Scott S. Sheppard/Carnegie / BBC News Brasil

"A semelhança nas órbitas dos corpos mais distantes no Sistema Solar foi o que nos levou a afirmar que deve haver um planeta enorme a centenas de unidades astronômicas influenciando as órbitas desses objetos pequenos", afirma Scott Sheppard, membro da equipe que descobriu o Farout e pesquisador do Instituto Carnegie para a Ciência, em Washington.

Muito além de Plutão

As primeiras observações do Farout foram feitas em novembro com o telescópio japonês Subaru, que fica no Havaí.

A existência do planeta anão depois foi confirmada pelo telescópio Magalhães, do observatório chileno Las Campanas.

"Essa descoberta é realmente um sucesso internacional", afirma o astrônomo Chad Trujillo, da Universidade de North Arizona, que também é membro da equipe que descobiu o objeto. "Foram usados telescópios no Havaí e no Chile, operados pelo Japão, com a participação de instituições de pesquisa e universidades nos Estados Unidos."

"Com as novas câmeras digitais de campo colocadas em alguns dos maiores telescópios do mundo, estamos finalmente explorando os confins do Sistema Solar, muito além de Plutão."

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