PUBLICIDADE

Ex-ministros lançam manifesto contra medidas do atual governo na ciência

Documento pede investimentos no setor e menciona 'evasão de cérebros'

1 jul 2019 - 23h26
(atualizado em 2/7/2019 às 00h41)
Compartilhar
Exibir comentários

RIO - Dez ex-ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação lançaram nesta segunda-feira, 1º, no Rio de Janeiro, um manifesto em defesa de investimentos no setor e com críticas a medidas impostas pela gestão do presidente Jair Bolsonaro ao setor. O documento não cita os nomes do presidente nem do atual ministro da área, o astronauta Marcos Pontes.

"Não podemos concordar com as recorrentes manifestações, por parte de autoridades do governo, que negam evidências científicas na definição de políticas públicas. As pesquisas são fundamentais para o país avançar em direção a um desenvolvimento econômico, com inclusão social, respeito aos direitos humanos e sustentabilidade ambiental, que preserve nossos recursos naturais estratégicos", afirma trecho do manifesto, que conclui: "Vivemos hoje a maior das provações da nossa história".

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações tinha um orçamento discricionário de R$ 5,1 bilhões para 2019, mas em março foi anunciado um corte de R$ 2,1 bilhões  
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações tinha um orçamento discricionário de R$ 5,1 bilhões para 2019, mas em março foi anunciado um corte de R$ 2,1 bilhões
Foto: Ana Volpe/Agência Senado / Estadão

Segundo o texto, intitulado "A Ciência Brasileira em Estado de Alerta", a "bandeira pelo conhecimento não tem partido e não pertence somente à comunidade científica, acadêmica e empresarial, mas deve ser levantada por toda a sociedade. A linha de continuidade é o entendimento de que o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação constitui uma política de Estado. Não podemos permitir a criação de condições que estimulem a evasão dos nossos melhores cérebros. Não podemos aceitar a ausência de representantes da comunidade científica em Comitês e Conselhos Governamentais que discutem políticas públicas. É preciso garantir esperança para as futuras gerações!", segue o manifesto.

Os dez ex-ministros signatários do documento são José Goldemberg (ministro durante a gestão de Fernando Collor de Mello, de 1990 a 1992), Luiz Carlos Bresser-Pereira (ministro de Fernando Henrique Cardoso, em 1999), Ronaldo Sardenberg (ministro de FHC, de 1999 a 2003), Sérgio Machado Rezende, Roberto Amaral (ambos ministros de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003) e cinco ocupantes da pasta durante a gestão de Dilma Rousseff: Aloizio Mercadante (2011), Marco Antonio Raupp (2012 a 2014), Clélio Campolina (2014), Aldo Rebelo (2015) e Celso Pansera (2015 e 2016). Amaral, Raupp, Mercadante, Campolina e Pansera participaram do evento, realizado no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações tinha um orçamento discricionário (manejável e, portanto, sujeito a cortes) de R$ 5,1 bilhões para 2019, mas em março foi anunciado um corte de R$ 2,1 bilhões, o que corresponde a 42%. Restaram R$ 2,94 bilhões. Mais de 6 mil bolsas de estudo de mestrado, doutorado e pós-doutorado também foram bloqueadas, segundo o grupo de ex-ministros.

Consultado pela reportagem, o ministério não se manifestou até a noite desta segunda-feira.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade