Estudo italiano mostra baixo impacto da Covid-19 em crianças
Em 130 casos, 75,4% foram assintomáticos ou com poucos sintomas
Um estudo divulgado por cientistas italianos mostrou o baixo impacto que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) tem sobre crianças e adolescentes infectados com a doença. Em 130 casos confirmados da Covid-19 em menores, 75,4% foram assintomáticos ou com pouquíssimos sintomas da doença, todos em níveis leves.
Ainda conforme a pesquisa, 67 crianças tinham parentes muito próximos que contraíram o vírus e 34 tinham comorbidades - como doenças respiratórias, cardíacas ou neuromusculares. Essas doenças são apontadas como agravantes e as principais causas de óbito da Covid.
O estudo foi coordenado pelo Instituto de Recuperação e Cura com Caráter Científico (IRCCS) da Maternidade Infantil Burlo Garofolo, de Trieste, em 28 centros médicos de 10 regiões italianas durante as primeiras semanas da pandemia. A pesquisa completa será publicada no "European Journal of Pediatrics".
"Trata-se de um dos primeiros estudos que buscaram cobrir o vazio de informações ainda existente na Europa sobre os efeitos da Covid-19 nas crianças. Dos casos analisados emerge, com evidência, o fato de que a doença demonstra uma menor periculosidade nas crianças em relação aos adultos", destacou a médica responsável do Centro de Colaboração da Organização Mundial da Saúde do IRCCS Burlo e coordenadora da pesquisa, Marzia Lazzerini, ao divulgar a prévia do estudo no site da entidade.
Segundo a especialista, os italianos ainda estão analisando outros 2,5 mil casos em crianças do país para verificar "se há fatores preditivos para o diagnóstico da Covid-19" e também qual é o impacto da epidemia "na qualidade dos serviços materno-infantis em diversos países da Europa".
Até o momento, sabe-se muito pouco sobre os efeitos do novo coronavírus em menores de idade e quais os motivos deles serem menos afetados pela pandemia do que as demais faixas etárias.
A única situação que vem sendo investigada mais a fundo é um aumento de casos de uma "síndrome inflamatória aguda multissistêmica" em crianças que testaram positivo para a Covid-19.
A doença, que está sendo apontada como uma variação da Síndrome de Kawasaki, foi registrada na Itália, no Reino Unido, na França, nos Estados Unidos e, mais recentemente, na Coreia do Sul.