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Engenheiro sonha em criar muro verde no deserto e regá-lo com água de iceberg

14 mai 2017 - 06h04
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Um engenheiro dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Abdullah Alshehi, sonha em criar um espaço verde no deserto de Rub' al-Khali (que significa em português 'quarto vazio'), o segundo maior do mundo com 650 mil quilômetros quadrados, se estendendo por seu país, Arábia Saudita, Omã e Iêmen.

Em entrevista à Agência Efe, este engenheiro elétrico preocupado com o meio ambiente explicou que pretende ajudar a reduzir as emissões de CO2 e o aquecimento global, bem como gerar mais precipitações e novas fontes de água doce.

Sua ideia ficou evidente em 2013 em seu livro "Filling the empty quarter" ("Enchendo o quarto vazio", em tradução livre), no qual expunha a possibilidade de criar espaços verdes e sustentáveis em Rub' al-Khali, que ocupa a metade sul da Arábia Saudita e parte de Iêmen, Omã e EAU.

Alshehi, atualmente diretor da Geowash - empresa de limpeza de carros que poupa entre 40 e 60 litros de água em cada lavagem-, apresentou ao governo dos Emirados seu projeto principal, que consiste em construir um "grande muro verde" ao longo da fronteira do país com Arábia Saudita e Omã.

Mas o principal obstáculo para erguer o muro - que se estenderia desde a cidade da Al Ain até a de Silla e estaria integrado por florestas, campos de cultivo, fazendas e indústrias ecológicas - é que é preciso "muita água e este é um bem muito escasso aqui".

Para solucionar este problema, foram planejadas várias opções e a que criou maior comoção nas últimas semanas é a proposta de transportar um bloco de gelo de três quilômetros quadrados e 300 metros de grossura da ilha Heard, no Polo Sul, até o território dos EAU.

"Cerca de 97% da água do planeta é salgada, somente 3% é fresca e doce, e destes 3%, 70% estão congeladas. Esta é a fonte de água do mundo", destacou Alshehi.

Porém, muita desta água está derretendo devido ao aquecimento global, segundo lembrou. "Um iceberg derretido joga no mar quase 76 bilhões de litros de água, suficientes para servir de bebida a um milhão de pessoas durante cinco anos".

A ideia de transportar icebergs e utilizá-los para abastecer o deserto com água não é nova: foi apresentada em 1965 pelo cientista francês Georges Mougin ao príncipe saudita Mohammed al Faisal, mas nesse momento não pôde ser colocada em prática.

Agora, em coordenação com Mougin, os EAU retomaram o projeto, que poderia fazer com que o sonho de Alshehi se torne realidade.

O engenheiro explicou que faltam "dois ou três barcos mercantes para transportar o iceberg, protegido com material isolante, através do oceano até seu destino, na costa do emirado de Al Fujayrah".

"Somente uma pequena parte do gelo se derreteria, já que o iceberg é branco e reflete a luz do sol", assegurou.

Uma vez que esteja em contato com o clima dos EAU, o gelo se converterá em bilhões de litros de água, que serão usados para formar lagos no deserto. E estas reservas de água seriam utilizadas para regar o "grande muro verde".

Além disso, teriam um impacto positivo sobre o meio ambiente, já que "diminuiria a contaminação derivada do uso de plantas para dessalinização (de água marina) e seus custos", segundo Alshehi.

A segunda proposta para levar água até o deserto de Rub' al-Khali é transportá-la dos rios Dasht e Indo, no Paquistão, através de um gasoduto submarino, também até Al Fujayrah.

Alshehi acredita que é possível aproveitar a água procedente dos transbordamentos dos rios, sobretudo do Indo, o mais longo do Paquistão, que chega a lançar mais de 300 bilhões de litros de água doce ao mar.

Além disso, as inundações que ocorrem quase todos os anos no Paquistão fazem com que "sejam desperdiçados outros 600 bilhões de litros de água potável", segundo o engenheiro.

Essa água, que aumenta o nível do mar e afeta negativamente muitos países, poderia transformar o deserto em um jardim.

O prezado líquido seria armazenado em vários lagos nos EAU e utilizado para alimentar o "grande muro verde", acrescentou Alshehi, "em benefício do deserto de Rub' al-Khali e de toda a humanidade".

EFE   
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