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Comer frutas poderia evitar 1 em cada 7 mortes por doença cardiovascular, dizem cientistas

Estudo americano cruzou dados de consumo de frutas com notificações de morte em 2010; no Brasil, ingestão maior de frutas poderia evitar 17,4% das mortes por doenças cardiovasculares; especialistas sugerem duas maçãs e três porções de cenoura todos os dias.

11 jun 2019 - 05h06
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No total, 1,8 milhão de mortes poderiam ter sido evitadas, em todo o mundo em 2010, com mais consumo de frutas
No total, 1,8 milhão de mortes poderiam ter sido evitadas, em todo o mundo em 2010, com mais consumo de frutas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Duas maçãs e três porções de cenoura todos os dias. De acordo com pesquisa divulgada no sábado em evento nos Estados Unidos, esta é uma excelente receita para diminuir suas chances de morrer de ataque cardíaco ou AVC.

O estudo, apresentado em congresso organizado pela Sociedade Americana de Nutrição e realizado em Baltimore, cruzou dados mundiais de consumo de frutas e legumes com as notificações de mortes em decorrência de doenças cardiovasculares ao longo de 2010.

A principal conclusão foi de que uma em cada sete mortes do tipo pode ser atribuída ao fato de a pessoa não ter ingerido fruta suficiente. E uma em cada 12 mortes também por problemas cardiovasculares seriam resultado de falta de legumes e verduras suficientes.

No total, apenas no ano de 2010, foram 1,8 milhão de mortes que poderiam ser evitadas, em todo o mundo, com melhor alimentação de frutas. E 1 milhão de mortes foram atribuídas a um consumo baixo de legumes.

No geral, o consumo baixo de frutas resulta em quase 1,3 milhão de mortes por AVC e mais de 520 mil mortes por doenças cardíaca coronária por ano em todo o mundo. Ao mesmo tempo, o consumo baixo de legumes e verduras é responsável por 200 mil mortes por AVC e mais de 800 mil por doenças cardíaca. É para se lembrar disso antes de recusar a salada ou afirmar que fruta não é sobremesa.

"Nossa pesquisa indica a necessidade de expandir os esforços para aumentar a disponibilidade e o consumo de alimentos protetores, como frutas e vegetais", afirmou à BBC News Brasil a especialista em nutrição Victoria Miller, pesquisadora da Universidade Tufts, nos Estados Unidos.

Uma em cada 12 mortes por problemas cardiovasculares seriam resultado da falta de legumes e verduras suficientes
Uma em cada 12 mortes por problemas cardiovasculares seriam resultado da falta de legumes e verduras suficientes
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Frutas, legumes e verduras são componentes modificáveis da dieta humana que podem afetar as mortes evitáveis globalmente."

Conforme pontua a pesquisadora, isso ocorre porque os vegetais são boas fontes de fibras, potássio, magnésio, antioxidantes e fenólicos - com bons resultados para reduzir a pressão arterial e o colesterol. Além disso, esses produtos também melhoram a diversidade das bactérias que vivem no trato digestivo.

Por fim, quem se alimenta bem de frutas e alimentos do tipo tem menor probabilidade de estar acima do peso ou serem obesas, reduzindo assim as chances de doenças cardiovasculares.

O cardiologista Dariush Mozaffarian, também da Universidade Tufts, lembra que em geral os esforços globais "tradicionalmente se concentram em fornecer calorias suficientes, suplementação vitamínica e redução de aditivos como sal e açúcar".

Quem consome frutas e legumes tem menor chance de estar acima do peso ou serem obesas
Quem consome frutas e legumes tem menor chance de estar acima do peso ou serem obesas
Foto: Mariana Veiga / BBC News Brasil

"Os resultados da atual pesquisa nos indicam que há uma necessidade de aumentar o foco, com um esforço para uma maior disponibilidade e consumo de alimentos ditos protetores, como verduras e legumes", afirma ele.

"Seria um caminho positivo com muito potencial para melhorar a saúde global."

Dados

A pesquisa realizada por Miller é parte do projeto Global Dietary Database, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. Os resultados foram apresentados hoje no evento Nutrition 2019, congresso anual da Sociedade Americana de Nutrição.

No Brasil, a baixa ingestão de frutas foi responsável por 17,4% das mortes por doenças cardiovasculares, enquanto o consumo inadequado de legumes representou 7,5%
No Brasil, a baixa ingestão de frutas foi responsável por 17,4% das mortes por doenças cardiovasculares, enquanto o consumo inadequado de legumes representou 7,5%
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Para chegar às conclusões, os pesquisadores realizaram estimativas das ingestões médias diárias de frutas e outros vegetais a partir de pesquisas realizadas em 113 países - compreendendo, portanto, uma amostra correspondente a 82% da população mundial.

Em seguida, essas informações foram combinadas com os dados de causa mortis em cada um dos países participantes, além de dados sobre outros riscos de problemas cardiovasculares.

A pedido da BBC News Brasil, Miller extraiu os dados que retratam a situação do Brasil neste panorama mundial. No país, a ingestão baixa de frutas foi responsável por 17,4 % das mortes por doenças cardiovasculares. Já o consumo inadequado de legumes representou 7,5 %.

No total, isso significa 13 mil mortes por alimentação precária em frutas e quase 6 mil por conta de poucos legumes.

O impacto do consumo inadequado de frutas e hortaliças foi maior nos países com menor consumo de frutas e outros vegetais. É o que acontece em países do sul, centro e leste asiático, da Oceania e da África subsaariana - são locais com baixa ingestão de vegetais e altas taxas de mortes por acidente vascular cerebral e doenças coronarianas, por exemplo.

Na China, por exemplo, o baixo consumo de frutas é responsável por 20% das mortes - 541 mil casos em 2010. Na Somália, a mesma situação responde por 22% das mortes. Na África do Sul, por 21%.

Cenário bem diferente do encontrado no Canadá, onde o consumo de frutas é alto. Lá, a ingestão inadequada desse tipo de alimento responde por apenas 6% das mortes decorrentes de problemas cardiovasculares.

O consumo de frutas e hortaliças é mais baixo, e consequentemente maior agente causador de mortes, em adultos jovens. Quando a pesquisa tentou entender as diferenças por gênero, deparou-se com os homens em uma posição de risco maior, provavelmente indicando que mulheres tendem a se alimentar de mais frutas e legumes.

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