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'Terror' da TV, 'Papagaios de pirata' fazem plantão na Rio+20

15 jun 2012 - 15h26
(atualizado às 16h19)
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André Naddeo
Direto do Rio de Janeiro

Eles representam, sem meias palavras, o terror para as emissoras de TV. Fingem que falam no celular, e se posicionam atrás dos repórteres. Tudo para aparecer ao vivo na televisão. São os "papagaios de pirata", que se já são presença constante nos principais eventos no Rio de Janeiro, não poderiam ficar de fora da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Alguns dizem que aparecer na TV ajuda nos negócios. Outros só querem mesmo "estar ao vivo"
Alguns dizem que aparecer na TV ajuda nos negócios. Outros só querem mesmo "estar ao vivo"
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Confira a programação com os principais eventos

Veja onde estão ocorrendo os eventos da Rio+20

Na Cúpula dos Povos, um dos mais importantes eventos paralelos da convenção, eles formaram um grupo grande tendo em vista que toda a imprensa, inclusive internacional, está presente para registrar as discussões sustentáveis que ocorrem até o próximo dia 22.

"Eu sou camelô, então, quando eu apareço na TV, depois fica mais fácil para eu vender meus produtos, porque eu entro no ônibus e as pessoas comentam: 'eu vi você na tv!'. É minha jogada de marketing, meu amigo", explica o vendedor Luciano Lima, "figurinha carimbada" sempre presente nas pautas jornalísticas mais quentes do noticiário.

Assim como o seu fiel escudeiro Nil Ramos. "É meu nome artístico", brinca o corretor de imóveis, que usa a mesma tática do parceiro. "Funciona isso, viu. Consigo alugar mais apartamentos, fico conhecido, as pessoas me reconhecem, e fica mais fácil me aproximar do cliente, estabelecer uma relação para o negócio", afirma.

Se eles não possuem redação própria, tampouco um chefe de reportagem exclusivo, engana-se quem pensa que eles não são organizados. "Um avisa o outro. Olhamos o noticiário da noite, o último jornal, e nos falamos para ver para onde vamos no dia seguinte. Hoje decidimos vir aqui, na abertura da cúpula, mas vamos para o Riocentro também", completou Ramos, já planejando para este sábado uma visita ao principal local de discussões da Rio+20.

A pergunta final que fica sobre os "papagaios de pirata": eles não acham que atrapalham o trabalho da imprensa? "A gente não esquenta com isso, não. Cada um faz o seu. A gente não faz bagunça, não fica pulando atrás da câmera, falando alto, empurrando repórter, nada disso", deixa claro o aposentado Edson Gaspar, ex-operador de máquinas de impressão.

A reportagem cumprimenta os entrevistados, quando o quarto e último integrante do grupo, bravo, questiona: "você não vai falar comigo, não? Nem pegar o meu nome?". Carlos Alberto Régis, servidor público aposentado, ao contrário dos amigos, gosta mesmo é de aparecer. "Pensei que você fosse esquecer de mim, coloca aí que eu gosto mesmo de estar ao vivo na TV, e não estou nem aí para o que os outros falam". Devidamente registrado, então.

Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

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Fonte: Terra
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