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O que é a sensação térmica - e como ela explica o frio 'siberiano' no sul do Brasil

10 jun 2016 - 18h32
(atualizado às 19h53)
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Não se fala de outra coisa: o frio chegou antes mesmo do início do inverno e fez as pessoas tirarem os casacos do armário em boa parte do País.

Sensação térmica chegou a -29ºC em Urupema, na serra catarinense
Sensação térmica chegou a -29ºC em Urupema, na serra catarinense
Foto: Marília Suti / Fotos Públicas

Chamaram especialmente atenção as temperaturas extremamente baixas registradas na serra catarinense na última quinta-feira.

Às 6h, os termômetros marcaram -5,3ºC em Urupema (SC), segundo o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM), mas a sensação térmica era de -29ºC, segundo boletins meteorológicos locais - um frio "siberiano" em pleno território brasileiro.

Mas o que é a sensação térmica? E como ela é calculada?

"É a diferença entre o que o aparelho registra e o que o corpo humano de fato sente nas condições de um lugar em um determinado momento. Para calculá-la, usamos uma tabela que leva em conta algumas variáveis, como a temperatura e a intensidade do vento, no caso de temperaturas mais frias", diz Manoel Rangel, do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet).

No caso de Urupema, cidade localizada a 1.750 metros acima do nível do mar, as temperaturas baixas são comuns, tanto que a cidade se autointitula a "mais fria do Brasil".

"À medida que você se distancia do nível do mar, a atmosfera fica mais rarefeita. Há menos vapor em suspensão no ar, um dos componentes responsáveis por regular a temperatura, já que a água retém calor", afirma Alexandre Nascimento, da Climatempo.

Vento e umidade

Mas, quando há um vento com velocidade de 80km/h, como o registrado na manhã de quinta-feira, o frio fica ainda mais acentuado.

"A forte massa polar que avança sobre o país neste momento, aliada ao vento forte, gera esse frio siberiano que estamos vendo", diz Nascimento.

O meteorologista explica que, no caso do calor, o que mais influencia uma sensação termina é a umidade.

Cachoeira congelada fez a alegria dos turistas em Urupema
Cachoeira congelada fez a alegria dos turistas em Urupema
Foto: Marília Suti / Fotos Públicas

"Nosso corpo usa a água liberada por meio do suor para se resfriar. Se a umidade no ar está alta, isso significa que há mais água no ambiente. Então, suamos menos, aprisionando o calor no corpo e criando uma sensação de abafamento", afirma Nascimento.

O especialista explica como isso afeta, por exemplo, a cidade de Manaus, que fica uma região muito úmida. "No verão, faz cerca de 30ºC por lá, mas, por causa da umidade da floresta, a sensação térmica pode ser de 10ºC a mais", diz.

"Assim, 40ºC em Cuiabá, onde é mais seco, pode significar um calor menos 'intenso' do que 30ºC em Manaus."

Inverno com 'cara de inverno'

Os meteorologistas esclarecem, no entanto, que a sensação térmica é calculada levando em conta as condições médias do corpo humano.

"É algo subjetivo, porque cada pessoa percebe a temperatura de uma maneira diferente. Uma pessoa com mais gordura corporal tende a sentir menos frio que alguém mais magro", explica Rangel.

"O cálculo tanto do índice de calor quanto de frio é baseado em uma equação matemática que leva em conta as características médias da população. Se não fosse assim, seria preciso ter um termômetro para cada pessoa", afirma Nascimento.

Frio congelou as folhas caídas no chão em São Joaquim (SC)
Frio congelou as folhas caídas no chão em São Joaquim (SC)
Foto: Mycchel Hudsonn Legnaghi/São Joaquim Online / Fotos Públicas

Segundo o meteorologista da Climatempo, a expectativa é de que o frio se intensifique ainda mais neste final de semana.

"Depois de segunda-feira, a tendência é a temperatura subir um pouco. Mas ainda teremos massas polares fortes nos próximos meses", diz Nascimento.

"Nos últimos dois anos, o fenômeno El Niño dificultou a chegada de massas de ar frio ao Brasil ao retê-las no sul da Argentina. Neste ano, ele não está presente. Vamos ter um inverno com cara de inverno."

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