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Cientistas descobrem sinais de Parkinson muitos anos antes dos sintomas

Resultados de estudo têm potencial para criar forma de 'rastreamento' das pessoas com maior risco de desenvolverem a doença

24 jun 2019 - 15h38
(atualizado às 16h14)
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Cientistas do King's College London dizem ter identificado os primeiros sinais da doença de Parkinson no cérebro, muitos anos antes dos pacientes apresentarem sintomas. Os resultados do estudo, publicados na revista científica Lancet Neurology, desafiam a visão tradicional da doença e poderiam potencialmente levar a ferramentas de rastreamento para identificar pessoas de maior risco.

Segundo os pesquisadores, exames realizados em 14 pacientes considerados de alto risco mostraram disfunções no sistema de serotonina do cérebro, que controla o humor, o sono e o movimento. De acordo com o estudo, os resultados sugerem que mudanças no sistema de serotonina podem atuar como um sinal de alerta precoce para a doença.

A doença de Parkinson é o segundo distúrbio neurodegenerativo mais comum, após a doença de Alzheimer. Ela é caracterizada por problemas cognitivos e de movimento, mas é conhecida por se estabelecer no cérebro muito antes de os pacientes serem diagnosticados.

O principal autor do estudo, Marios Politis, do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King's College afirma que a detecção precoce da doença pode ajudar no desenvolvimento de novas terapias. "Nossos resultados sugerem que a detecção precoce de alterações no sistema de serotonina poderia abrir portas para o desenvolvimento de novas terapias para retardar e, finalmente, prevenir a progressão da doença de Parkinson", disse.

Segundo os pesquisadores, pessoas com doença de Parkinson têm acúmulos da proteína alpha-sinucleína no cérebro (SNCA). Embora não haja causa clara para a maioria das pessoas, uma minoria de casos é causada por mutações genéticas.

A mutação genética da SNCA tem origem em aldeias no norte do Peloponeso, na Grécia, e também pode ser encontrada em pessoas que migraram para regiões próximas na Itália. Ao longo de dois anos, os pesquisadores identificaram 14 pessoas com a mutação do gene SNCA da Grécia e da Itália e as levaram para Londres para imagens cerebrais e avaliações clínicas. Metade dos participantes não havia começado a mostrar nenhum sintoma de Parkinson.

Os dados das 14 pessoas com mutações do gene SNCA foram comparados com 65 pacientes com doença de Parkinson não-genética e 25 voluntários saudáveis. Os pesquisadores descobriram que o sistema de serotonina começa a funcionar mal em pessoas com Parkinson antes que os sintomas afetem o movimento e antes das primeiras mudanças no sistema de dopamina.

Estadão
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