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A estátua de deusa de 4,5 mil anos encontrada por agricultor em Gaza

A cabeça de pedra da deusa cananeia da beleza, amor e guerra é desenterrada em um campo de Khan Younis.

27 abr 2022 - 07h41
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A estátua de Anat está agora em exibição em um dos poucos museus da Faixa de Gaza
A estátua de Anat está agora em exibição em um dos poucos museus da Faixa de Gaza
Foto: BBC/Rushdi Abualouf / BBC News Brasil

Uma estátua de pedra de uma antiga deusa da beleza, amor e guerra foi encontrada na Faixa de Gaza.

Arqueólogos palestinos dizem que a cabeça da divindade cananeia Anat remonta a 4,5 mil anos, final da Idade do Bronze.

A descoberta foi feita por um agricultor que estava cavando em sua terra em Khan Younis, no sul da faixa.

Nas redes sociais, alguns moradores de Gaza ironizaram que encontrar uma estátua da deusa da guerra é adequado na região. Nos últimos anos, a área é palco de intensos conflitos entre Israel e grupos militantes em Gaza, que é governada pelo Hamas.

A descoberta desta estátua de pedra calcária é um lembrete de como a Faixa de Gaza — parte de uma importante rota comercial para sucessivas civilizações antigas — foi originalmente um assentamento cananeu.

A escultura de 22 cm de altura mostra o rosto da deusa usando uma coroa de serpente.

"Encontramos a estátua por acaso. Ela estava cheia de lama e lavamos com água", disse o agricultor Nidal Abu Eid, que encontrou a cabeça enquanto cultivava seu campo.

"Percebemos que era uma coisa preciosa, mas não sabíamos que tinha um valor arqueológico tão grande", disse ele à BBC. "Agradecemos a Deus e estamos orgulhosos de que tenha permanecido em nossa terra, na Palestina, desde os tempos cananeus."

A estátua de Anat — uma das divindades cananeias mais conhecidas — está agora em exibição em Qasr al-Basha, um edifício histórico que serve como um dos poucos museus de Gaza.

Gaza ficava em rotas comerciais importantes para civilizações antigas e ainda hoje abriga vários tesouros antigos
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Foto: BBC News Brasil

Ao revelar o artefato em uma entrevista coletiva na terça-feira (26/4), Jamal Abu Rida, do Ministério de Turismo e Antiguidades, administrado pelo Hamas, disse que a estátua é "resistente ao tempo" e foi cuidadosamente examinada por especialistas.

Ele disse que isso traz uma lição política.

"Tais descobertas provam que a Palestina tem civilização e história, e ninguém pode negar ou falsificar essa história", disse ele. "Este é o povo palestino e sua antiga civilização cananéia."

Nem todos os achados arqueológicos em Gaza foram apreciados da mesma forma.

O Hamas já foi acusado de destruir os restos de uma grande cidade fortificada cananeia, Tell al-Sakan, para dar lugar a habitações e bases militares ao sul da cidade de Gaza.

Um antigo bronze do tamanho de um homem do deus grego Apolo foi descoberto por um pescador em 2013, mas depois desapareceu misteriosamente.

No entanto, este ano o Hamas reabriu os restos de uma igreja bizantina do século 5 depois que doadores estrangeiros ajudaram a pagar por um projeto de restauração de anos.

O trabalho também teve que ser interrompido em um canteiro de obras no norte de Gaza quando 31 túmulos da era romana foram encontrados.

Embora esses locais antigos possam atrair visitantes estrangeiros, praticamente não há indústria de turismo.

Israel e Egito restringem fortemente o fluxo de pessoas dentro e fora de Gaza, que abriga cerca de 2,3 milhões de palestinos, alegando preocupações de segurança.

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