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A camisinha que se autolubrifica e pode reduzir contágio por doenças sexualmente transmissíveis

Novo preservativo desliza melhor ao entrar em contato com fluidos corporais e é capaz de manter a textura por pelo menos mil movimentos de penetração.

18 out 2018 - 12h06
(atualizado às 13h58)
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Novo preservativo desliza melhor ao entrar em contato com fluidos corporais e é capaz de manter a textura por pelo menos mil movimentos de penetração
Novo preservativo desliza melhor ao entrar em contato com fluidos corporais e é capaz de manter a textura por pelo menos mil movimentos de penetração
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Com o objetivo de estimular o uso da camisinha, cientistas desenvolveram preservativos de látex que se autolubrificam quando em contato com fluidos corporais.

Além de promover maior conforto, dizem os pesquisadores, a inovação traria mais segurança aos usuários, já que a falta de lubrificação pode fazer com que a camisinha saia do lugar durante a relação.

Quando usada corretamente, a camisinha é um contraceptivo eficaz e protege contra doenças sexualmente transmissíveis - a questão é que nem todo mundo gosta de usá-la.

Em artigo publicado na revista acadêmica Royal Society Open Science, os autores dizem que esses problemas seriam resolvidos com o novo produto - cujo desenvolvimento foi patrocinado pela Melinda Gates Foundation, dedicada a pesquisas na área da saúde -, já que ele desliza melhor depois de entrar em contato com fluidos corporais.

A sensação maior de conforto, eles acrescentam, duraria até o fim da relação sexual.

Isso porque a camisinha é capaz de manter a textura por cerca de mil movimentos de penetração - em média, um ato sexual leva metade disso.

Outros preservativos, quando usados em conjunto com lubrificantes vendidos em embalagens, deslizam melhor no início, mas perdem a eficácia após 600 movimentos de penetração.

Um grupo de voluntários testou e deu notas às duas camisinhas, quanto à textura e deslizamento.

A maioria dos 33 homens e mulheres deu nota maior à camisinha que se autolubrifica.

"Não parece tão lubrificada quando você pega nela a seco, mas na presença de água e fluidos naturais, fica bem escorregadia. Só precisa de um pouco de fluido para ativar esse efeito", afirma o pesquisador Mark Grinstaff, da Universidade de Boston.

Os cientistas dizem que mais testes serão necessários para comparar o desempenho da camisinha autolubrificante na "vida real". Testes clínicos com casais devem começar no início do ano que vem, segundo Grinstaff.

Uma empresa ligada à Universidade de Boston planeja desenvolver o produto para venda comercial, mediante aprovação regulatória.

Conveniência

Nicola Irwin, da Queen's University, em Belfast, na Irlanda do Norte, é especialista em materiais de saúde de alta tecnologia. Ela diz que revestimentos "hidrofílicos" similares têm sido usados em cateteres urinários, para ampliar o conforto.

"Esses cateteres revestidos são, em geral, associados com uma aceitação maior que os cateteres sem revestimento ou outros dispositivos lubrificados a gel", afirmou Irwin, destacando que o cateter "hidrofílico" gera menor desconforto na inserção.

"É razoável esperar que as camisinhas com revestimento hidrofílico tragam benefícios semelhantes, mas precisamos de mais testes."

O objetivo da camisinha que se autolubrifica é garantir, além de conforto, mais segurança, já que a falta de lubrificação pode fazer com que o preservativo saia do lugar
O objetivo da camisinha que se autolubrifica é garantir, além de conforto, mais segurança, já que a falta de lubrificação pode fazer com que o preservativo saia do lugar
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Enquanto isso, pesquisadores da Universidade de Wollongong, na Austrália, têm usado hidrogel firme para fazer camisinhas autolubrificantes, em vez de látex e borracha. O resultado é um preservativo com uma textura mais parecida com a pele.

"Nós damos boas-vindas a inovações que encorajam o uso de camisinha, que é o único método contraceptivo que também ajuda a proteger contra DSTs. Então é importante que as pessoas se sintam confiantes e confortáveis ao usá-la", afirma Bekki Burbidge, da ONG FPA, voltada à saúde sexual.

"Lubrificação pode deixar o sexo mais confortável e proveitoso, então encorajamos que as pessoas a tentem diferentes tipos de lubrificantes à base de água, assim como diferentes tipos, tamanhos e texturas de camisinhas para encontrar as que melhor se adaptam elas a e que garantem maior prazer sexual."

Erros comuns no uso de camisinhas

- Produtos à base de óleo, inclusive alguns cremes de mão, podem danificar camisinhas de látex - portanto, é importante evitá-los. Use lubrificantes à base de silicone ou água.

- Nunca reutilize uma camisinha

- Tenha cuidado ao guardar as camisinhas, porque elas podem ser facilmente danificadas, especialmente se mantidas na carteira, bolso ou bolsa.

- Cheque a data de validade

- Quando colocar uma camisinha, é importante apertar a ponta para se livrar de qualquer resquício de ar. Se você não fizer isso, o preservativo pode romper.

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