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China traiu Hong Kong, diz ex-governador da cidade

23 mai 2020 - 12h46
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A China traiu o povo de Hong Kong, então o Ocidente deveria parar de reverenciar Pequim por um pote ilusório de ouro, disse Chris Patten, último governador da ex-colônia britânica.

    Pequim deve impor uma nova lei de segurança nacional sobre Hong Kong para responder a uma longa campanha de protestos pró-democracia ocorrida na cidade no ano passado. O local tem liberdades mais amplas do que as vistas na China em geral.

    "O povo de Hong Kong foi traído pela China", disse Patten ao jornal The Times. De acordo com ele, o Reino Unido tem o dever "moral, econômico e legal" de defender Hong Kong.

    Patten, que tem 76 anos, viu a bandeira britânica ser retirada de Hong Kong quando a colônia voltou ao controle da China em 1997, após mais de 150 anos de domínio britânico, imposto após o país derrotar os chineses na Primeira Guerra do Ópio.

    A autonomia de Hong Kong foi garantida sob o lema "um país, dois sistemas", acordado na Declaração Conjunta Sino-Britânica de 1984, assinado pelo então primeiro-ministro chinês, Zhao Ziyang, e a sua colega britânica, Margaret Thatcher.

    Mas, segundo Patten, a imposição de leis de segurança chinesas sobre Hong Kong pode destruir o pacto. Os Estados Unidos — que consideraram a legislação uma "sentença de morte" para a autonomia da cidade — e o Reino Unido disseram estar profundamente preocupados com a lei, que segundo eles minaria o princípio "um país, dois sistemas".

    "O que estamos vendo é uma nova ditadura chinesa", disse Patten. "O governo britânico deveria deixar claro que o que estamos vendo é uma completa destruição da Declaração Conjunta."

OURO CHINÊS

    O presidente norte-americano, Donald Trump, alertou que Washington poderia reagir "muito fortemente" se Pequim seguir adiante com a lei.

    A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse que seu governo vai "cooperar totalmente" com o Parlamento chinês para garantir a segurança nacional, e segundo ela essa cooperação não afetará os direitos, as liberdades e a independência judicial da cidade.

    Patten afirmou que o Ocidente deveria parar de buscar a ilusória promessa da riqueza chinesa e que os britânicos deveriam pensar com cuidado sobre o envolvimento da empresa de telecomunicações Huawei em sua rede de 5G.

    "Devemos parar de sermos feitos de bobos com a ilusão de que, ao final de toda essa reverência, haverá um pote de ouro esperando por nós. Sempre foi uma ilusão", afirmou Patten.

    "Precisamos parar de nos enganar de que, se não fizermos tudo o que a China quiser, vamos perder grandes oportunidades comerciais de alguma forma. É conversa fiada."

    O premiê britânico, Boris Johnson, planeja reduzir a participação da Huawei na rede 5G britânica após a crise do coronavírus, informou o jornal The Daily Telegraph.

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