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Catalunha vota em referendo com ampla presença policial

1 out 2017 - 07h33
(atualizado às 09h51)
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Polícia tenta fechar colégios eleitorais e autoridades catalãs modificam normas de votação, e governo espanhol diz que separatistas "liquidaram a respeitabilidade democrática". Vários incidentes são registrados.Os eleitores da Catalunha votam neste domingo (01/10) em um referendo independentista considerado ilegal pelo governo da Espanha em meio a um forte esquema policial e com várias irregularidades no modo de votação. Alguns incidentes foram registrados entre agentes e cidadãos em alguns locais de votação.

Leia mais: Os principais pontos do referendo na Catalunha

A consulta separatista convocada pelo governo autônomo catalão, em setembro, foi suspensa imediatamente pelo Tribunal Constitucional e diferentes tribunais ordenaram medidas para que as forças de segurança fechem os locais de votação e confisquem urnas e cédulas eleitorais. Mesmo com os esforços policiais, eleitores conseguiram votar em algumas seções eleitorais.

Isso levou as autoridades catalãs, na manhã deste domingo, a modificar as normas de votação que tinham emitido anteriormente, de modo que um eleitor possa votar em qualquer colégio eleitoral da região e não ao qual tinha sido atribuído, com cédulas impressas em casa e sem envelope.

Novas normas que, para o conselheiro catalão de presidência, Jordi Turull, configuram um processo eleitoral "com garantias" legais, enquanto fontes do governo em Madri asseguravam que os separatistas "liquidaram qualquer vestígio de respeitabilidade democrática".

Em alguns casos, a intervenção de policiais espanhóis e guardas civis gerou momentos de tensão com os manifestantes independentistas e, no centro de Barcelona, houve ações dos policiais contra pessoas que fechavam as ruas e, em um ou outro caso, foram jogados objetos contra os agentes.

Ao menos 337 pessoas ficaram feridas e foram atendidas pelos serviços de emergência da Catalunha, sendo que a maioria deles sofreu ferimentos leves.

As forças de segurança, que bloquearam neste sábado o centro de informática catalão, anularam neste domingo o novo sistema anunciado durante a manhã pelo conselheiro Turull.

Assim, fica difícil saber quantas pessoas estão participando da consulta, enquanto o Ministério do Interior apontou que, com essa falta de garantia, uma mesma pessoa poderia votar várias vezes em diferentes lugares.

O presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, acusou as autoridades espanholas de usar violência "injustificada, desproporcional e irresponsável" no referendo sobre a independência da região espanhola. Ele afirmou que os cassetetes, balas de borracha e violência usados pelos policiais espanhóis mostram uma "imagem terrível da Espanha no exterior".

"O uso injustificado, desproporcional e irresponsável da violência por parte do Estado espanhol no dia de hoje não vai ser suficiente para deter o desejo dos catalães de poder votar pacífica e democraticamente", afirmou Puigdemont.

Polícia intervém em local onde votaria líder catalão

A polícia e a guarda civil da Espanha intervieram neste domingo no colégio eleitoral onde o presidente da região da Catalunha, Carles Puigdemont, votaria no referendo.

Puigdemont tinha assegurado que iria votar na localidade de Sant Julià de Ramis, em Girona, por volta das 4h30 (horário de Brasília). Mas, antes dessa hora, cerca de 50 agentes tomaram o local - um ginásio de esportes - com o objetivo de apreender urnas e cédulas de votação.

Mais de uma centena de pessoas que estavam concentradas na parte de fora do ginásio tentaram impedir a entrada dos agentes no colégio, momento em que eles intervieram, causando empurrões e quedas.

Passada a hora prevista para o seu voto, Puigdemont não tinha aparecido no local e ainda havia tumulto e gritos das pessoas concentradas contra a polícia e a favor do referendo.

Depois se soube que Puigdemont tinha decidido não comparecer ao colégio eleitoral de Sant Julià de Ramis e tinha ido para outra localidade próxima. Por meio de uma mensagem no Twitter é possível ver a imagem de Puigdemont colocando a cédula em uma urna.

O ministro do Interior espanhol, Juan Ignacio Zoido, destacou que a polícia está retirando urnas de colégios eleitorais na Catalunha para cumprir o mandato judicial e a legalidade sobre o referendo, suspenso pelo Tribunal Constitucional.

Em uma mensagem na sua conta do Twitter, o titular de Interior se referiu às atuações dos agentes para garantir a legalidade.

FC/efe/afp/ap/rtr/dpa

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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