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Carlos Bolsonaro diz se sentir 'culpado' e 'aliviado' por comportamento nas redes sociais

Filho do presidente não vê exagero na forma intempestiva como costuma debater nas plataformas e revela broncas do pai

13 mar 2019 - 18h07
(atualizado às 18h13)
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Em rara entrevista, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), disse ao canal da jornalista Leda Nagle no Youtube que às vezes se sente "culpado" e às vezes "aliviado" com sua atuação nas redes sociais. Ele não vê exagero na forma intempestiva como costuma debater nas plataformas, principalmente no Twitter.

"Se você soubesse a quantidade de pancada que a gente toma... Pela quantidade de respostas que eu faço, você acharia que sou um anjo", disse Carlos. "Às vezes, sim, a gente passa dos limites. É humano. Eu respondo na hora. Tenho escutado de amigos meus que o período eleitoral já passou e que temos que ter um sentimento de proatividade porque agora somos vidraça. Entendo isso, mas as pancadas vêm. A cada vinte pancadas que recebemos, de vez em quanto responder uma, vale (risos).

"Com o passar do tempo, as coisas amadurecem. Vou levando puxão de orelha do meu pai. Ele me dá bronca, meus amigos me dão bronca", disse Carlos. "Me sinto culpado de vez em quando, aliviado de vez em quando. Eu sempre procuro evoluir."

Carlos Bolsonaro, vereador (PSC-RJ)
Carlos Bolsonaro, vereador (PSC-RJ)
Foto: Reprodução/Canal Leda Nagle / Estadão

Na entrevista de uma hora, ele fala da relação de proximidade com o pai e relembra a tensão vivida após Bolsonaro ter sido esfaqueado em Juiz de Fora (MG) durante ato de campanha. Ele estava com o então presidenciável no dia. Carlos diz não acreditar que Adelio Genro Bispo, que atacou Bolsonaro, tenha problemas mentais, como apontou perícia.

"Qualquer um que Adelio pudesse acertar, ele atingiria meu pai. Ele tinha consciência disso. Falar que ele é maluco? Eu não acredito nisso", disse. "Ele tinha três celulares, pagou hotel antecipado, sabia da agenda do meu pai.

Emocionado, ele relatou os momentos que antecederam a primeira cirurgia de Bolsonaro após o atentado. "Quando vi tinha acontecido alguma coisa (no ato), fui atrás e encontrei meu pai caído no chão do bar. Depois, as pessoas colocaram ele dentro do carro. O sangue não saía por ter sido uma facada na barriga, então achamos que tinha sido superficial. A gente ia conversando com ele dentro do carro. 'De zero a dez, capitão, como você está?' 'Cinco, mas está doendo'."

Ele diz ter visto o pai "indo embora duas vezes" antes da primeira cirurgia e reclama de quem acusa que a facada teria sido uma armação. "Chegando na Santa Casa, os doutores analisaram ele, ele começou a esfriar, mas o sangue correndo e vazando por dentro. Eu percebi em determinado momento... Eu vi meu pai indo embora duas vezes, virando os olhos. Tem canalha que olha para a gente e fala que aquela facada foi fake. Entende a minha raiva? Não foi superficial. Eu estava junto na sala de cirurgia. Vi tirarem dois litros de sangue, os órgãos para fora, e aí saí de dentro da sala. Eu estava em choque. Foi algo inacreditável."

Na entrevista, ao ser perguntado sobre sua interferência nas questões do governo, incluindo o episódio envolvendo o ex-secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, Carlos diz que só pensa em defender o pai. "Não tem como as pessoas me separarem do meu pai. Sou filho dele e trabalhamos juntos ha 18 anos. No dia que ele chegar e falar 'filho, vai embora', eu vou. Eu só quero defender meu pai. É lógico (que o objetivo é proteger o pai). Só quero levar adiante um plano que eu acredito. (Sobre Bebianno), essa pessoa não conversou sobre o assunto citado pelo jornal O Globo no dia citado. É só isso."

'Corporativismo'

Ele também reclamou da imprensa e reconheceu ter receio de jornalistas. "É uma classe que, sim, tem um corporativismo gigantesco, não somente com o presidente Bolsonaro, mas também quando ele era deputado. Eu deixo para as pessoas refletirem. Tenho receio (com jornalistas) porque sei que dentro da formação dos senhores (jornalistas), os senhores carregam consigo uma ideologia que às vezes ela é tomada de um seio ideológico que acaba contaminando a informação. Não acho isso agradável."

Carlos ainda comentou a publicação de um vídeo obsceno por parte do pai no Twitter durante o carnaval. As imagens mostravam um homem urinando na cabeça de outro durante um bloco de carnaval em São Paulo. "Ele (Bolsonaro) foi claro. Não falou que 'acontece no carnvaval'. E sim 'em muitos pontos do carnaval'. Ele tenta trazer essas informação para que elas sejam expostas. Chocantes ou não, é a realidade. Foi o sentimento que ele quis demonstrar e é a realidade."

Estadão
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