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Buscas por sobreviventes continuam após viaduto desabar na Itália

15 ago 2018 - 06h22
(atualizado às 06h52)
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Trecho de 80 metros de viaduto em Gênova desmoronou como um "monte de farinha", segundo testemunha. Balanço parcial de mortos é de ao menos 37. Governo avalia multar e retirar concessão de operadora da estrada.Equipes de buscas passaram a madrugada desta quarta-feira (15/08) à procura de sobreviventes sob os destroços de um viaduto que desabou na cidade italiana de Gênova no dia anterior, deixando ao menos 37 mortos. Investigadores tentam estabelecer a causa do colapso da estrutura.

Viaduto foi construído nos anos 1960 e restaurado em 2016
Viaduto foi construído nos anos 1960 e restaurado em 2016
Foto: DW / Deutsche Welle

Ao menos 30 carros e três veículos pesados caíram de uma altura de 45 metros quando um trecho da ponte Morandi desabou numa zona industrial de Gênova, no norte do país. Entre os mortos estão três crianças de 8 a 13 anos. Dos ao menos 16 feridos, 12 estão em estado grave.

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O balanço de mortos ainda é provisório. Mais de 300 membros das equipes de resgate e cães trabalham nas buscas, que prosseguiram durante a noite com ajuda de holofotes. Centenas de pessoas que vivem nos arredores do viaduto foram removidas por precaução.

O fragmento que ruiu tinha duas faixas e cerca de 80 metros de comprimento. Ele passava sobre um rio, prédios e trilhos de trem, o que levou os serviços ferroviários ao redor de Gênova a serem interrompidos.

Carros e caminhões ficaram emaranhados com os escombros e construções próximas foram danificadas por pedaços enormes de concreto.

O motorista marroquino Afifi Idris, de 39 anos, estava sobre a ponte no momento do acidente e conseguiu frear bem a tempo.

"Eu vi um caminhão verde à minha frente frear e dar ré, então, também parei, tranquei o caminhão e corri." O caminhão de Idris continuava sobre a ponte no fim da noite de terça-feira, parado bem à frente do buraco deixado pelo desabamento.

Testemunhas relataram que, no momento do colapso, ouviram um alto ruído. Uma mulher não identificada que estava na região abaixo da ponte disse à emissora RAI que a estrutura desmoronou como um monte de farinha.

Outro homem que estava abaixo da ponte no momento do colapso acredita ter sido "um milagre" o fato de ter sobrevivido. Sem se identificar, o homem de meia-idade disse que voou por mais de 10 metros e atingiu uma parede, ferindo seu ombro e seu quadril.

"Fui arremessado para longe, como todo o resto. Sim, acho que é um milagre. Não sei o que dizer. Estou sem palavras", disse enquanto saía do local.

O tradutor Ibou Toure, de 23 anos, mora perto da ponte, que cruzava todos os dias a pé. "Eu nunca me sentia confiante, sempre ouvia barulhos quando caminhões a atravessavam. Quando ouvi que a ponte caiu, não fiquei surpreso", disse.

Em resposta à tragédia, o ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, disse que o governo irá avaliar retirar a concessão da estrada que inclui a ponte Morandi da Autostrade per l'Italia, unidade do grupo Atlantia.

O ministro pediu ainda que administradores da empresa renunciem a seus cargos. Segundo Tonitelli, a Autostrade per l'Italia não cumpriu as obrigações previstas em contrato e pode ser multada em até 150 milhões de euros.

Causas da tragédia

As razões que levaram o trecho da ponte Morandi a ruir ainda não estão claras. De acordo com o órgão do governo encarregado das estradas do país, obras de manutenção estavam sendo realizadas na base do viaduto.

Procuradores afirmaram que estão abrindo uma investigação, mas ainda não identificaram possíveis alvos. Especulações iniciais apontaram para uma deficiência estrutural no trecho.

Toninelli classificou o colapso de "inaceitável", e disse que, se o acidente foi resultado de negligência, "quem quer que tenha cometido um erro precisa pagar".

A estrutura da ponte Morandi já havia sido criticada no passado. Antonio Brencich, professor especializado em construções de concreto armado na Universidade de Gênova, avaliou o trecho como "uma falha de engenharia" em uma entrevista em 2016.

"Esta ponte é um erro. Cedo ou tarde terá que ser substituída. Não sei quando. Mas haverá um momento em que o custo de manutenção será mais alto que a substituição", disse ao veículo italiano Primocanale.

Outros engenheiros afirmaram que a corrosão da estrutura e o tempo ruim também podem ter contribuído.

O acidente, o mais mortal do tipo na Europa desde 2001, foi o último de uma serie de desmoronamentos de pontes na Itália, que é alvo de atividade sísmica, mas cuja recente fraqueza econômica também se reflete na sua infraestrutura.

A sociedade de engenharia civil italiana CNR disse que as estruturas da época em que a ponte Morandi foi construída já estão ultrapassadas e pediu um "Plano Marshall" para reparar ou substituir pontes e viadutos construídos nas décadas de 50 e 60.

O grupo citou acidentes anteriores, como uma ponte que caiu em abril de 2017 na província de Cuneo e um elevado na cidade de Lecco que desmoronou.

PJ/ap/rtr/afp/dpa/lusa

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