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Tucanos buscam minimizar impacto de Lava Jato, Aécio e Azeredo em candidatura Alckmin

25 abr 2018 - 20h00
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As investigações da operação Lava Jato, as acusações envolvendo o senador Aécio Neves (MG) e a recente confirmação da condenação do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo no mensalão tucano não terão impacto na campanha presidencial do ex-governador e atual presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, dizem aliados do pré-candidato ao Planalto, em um discurso que procura minimizar os problemas nessa área.

Pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, no Congresso Nacional
25/04/2018 REUTERS/Adriano Machado
Pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, no Congresso Nacional 25/04/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Tucanos têm se valido da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de duas semanas atrás que mandou para a Justiça Eleitoral uma investigação aberta contra Alckmin por suspeita de caixa 2 em campanhas eleitorais dele, com base em delações de executivos da Odebrecht, para buscar isentá-lo de crimes em relação à Lava Jato.

A força-tarefa da operação que atua no Ministério Público Federal em São Paulo, entretanto, pode pedir o compartilhamento dessas informações da área eleitoral para avaliar se há uma investigação criminal a fazer.

Na frente civil, o Ministério Público do Estado abriu na semana passada inquérito para investigar Alckmin por improbidade administrativa por suspeita de ter recebido caixa 2 da Odebrecht.

Alckmin nega todas as acusações.

De maneira geral, as demais acusações envolvendo Aécio e Azeredo --dois ex-presidentes do partido-- são tratadas como casos pontuais e que não devem causar maiores preocupações ao tucano durante a corrida presidencial, ainda que já tenha havido entrevista coletiva de Alckmin dominada por esse tema.

"O Geraldo não está envolvido na Lava Jato, há uma investigação de caixa 2, crime eleitoral. Não tem nada ainda, temos uma suposição de caixa 2, mas que afasta da Lava Jato e, mesmo assim, eu acredito que não terá nenhuma sentença desfavorável a ele", disse o deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP), um dos mais próximos de Alckmin no Congresso.

Miguel Haddad também admite ser "natural" o desgaste do partido em razão das acusações que envolveram Aécio. Na semana passada, o ex-presidente do partido tornou-se réu no Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e obstrução de Justiça. Mas o deputado disse não considerar que essa questão influencie a campanha de Alckmin a ponto de ser decisiva nas eleições.

"É indiscutível o desgaste, afinal a corrupção se tornou o tema de maior relevância no país", reconheceu.

O presidente do PSDB em Minas Gerais, deputado federal Domingos Sávio, disse que esses casos não complicam "em hipótese alguma" a situação de Alckmin na eleição.

Ele disse que o caso de Azeredo --com condenação a 20 anos de prisão confirmada na terça-feira pelo Tribunal de Justiça de Minas-- tem sido injustamente tratado como "mensalão tucano". Para ele, é um caso de, no máximo, caixa 2 ocorrido em Minas na eleição de 1998 e que não tem qualquer ligação com Alckmin.

Azeredo, no entanto, foi condenado por peculato (desvio de verbas públicas) e lavagem de dinheiro. De acordo com a acusação, houve um esquema de desvio de dinheiro de estatais para a campanha à reeleição do então governador de Minas.

"Deram o codinome absolutamente fantasioso de mensalão tucano", disse Sávio. "Tentam colar isso como sendo do PSDB, mas não tem um parlamentar do PSDB nem de outro partido nesse processo", disse.

O esquema pelo qual Azeredo foi condenado ficou conhecido como mensalão tucano por ter o mesmo operador do mensalão petista, o publicitário Marcos Valério.

Mas analistas políticos têm uma avaliação diferente da feita pelos aliados de Alckmin e apontam os problemas judiciais enfrentados por lideranças tucanas como um obstáculo ao presidenciável.

"O Alckmin tem alguns problemas. O primeiro deles é o próprio PSDB", disse o analista Danilo Gennari, sócio da Distrito Relações Governamentais.

"O PSDB hoje está tão queimado quanto o próprio PT, e ele vai ter que carregar isso. A questão do Aécio agora dificulta mais ainda, traz mais ainda essa carga", disse Gennari.

Quando indagado sobre as situações de Aécio e Azeredo, Alckmin tem batido na tecla de que "a lei é para todos" e também tem aproveitado para atacar o PT, que critica a Justiça por causa da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Diferentemente do PT, que desacredita das instituições, nós não fazemos isso. Não tem Justiça vermelha, azul, verde, amarela, tem Justiça. E decisão judicial se respeita. A lei é para todo mundo", disse Alckmin em entrevista coletiva na semana passada.

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