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Sistema partidário representa institucionalização da desonestidade, diz ministro do STF

19 set 2017 - 14h10
(atualizado às 16h25)
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O Ministro do Supremo Tribunal Federal Roberto Barroso fez duras críticas nesta terça-feira ao sistema político-partidário brasileiro e afirmou que hoje ele representa uma institucionalização da desonestidade no país.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Roberto Barroso, durante julgamento no STF em Brasília, no Brasil
22/06/2017
REUTERS/Ueslei Marcelino
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Roberto Barroso, durante julgamento no STF em Brasília, no Brasil 22/06/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Barroso , que defendeu "desesperadamente" a aprovação de uma reforma política no país, concentrou seu ataque ao sistema partidário na pulverização de partidos no país, na existência das chamadas de legendas de aluguel e na venda de tempo de TV para outros partidos em troca de recursos e cargos no governo.

Para ele, o sistema eleitoral brasileiro, através do voto proporcional com lista aberta e coligações, é caro, tem baixa representatividade e facilita a multiplicação de legendas, o que ele chamou de "um sistema político atomizado".

"O sistema partidário brasileiro hoje é institucionalização da desonestidade, porque os partidos vivem do acesso e distribuição do fundo partidário, por legendas que têm dono e da venda do tempo de TV em troca de favores", disse Barroso em evento da Confederação Nacional de Empresas de Seguros, Previdência Privada, Vida e Saúde Complementar.

Barroso reforçou durante sua palestra de mais de uma hora sua simpatia pelo voto distrital misto --no qual o eleito vota em um candidato no distrito e também em uma lista dos partidos-- por considerar que o regime é mais barato, valoriza as legendas partidárias e aumenta a ligação entre políticos e eleitores.

O ministro se mostrou pessimista com a possibilidade de melhorias no sistema eleitoral brasileiro para as eleições de 2018 e considera interessante haver uma mobilização da sociedade para haver aperfeiçoamentos para o pleito de 2022.

"O grande problema da reforma política para ser feita de maneira democrática depende do voto das pessoas que vão ser afetadas pelas mudanças que vão ser feitas", analisou.

Barroso acredita que o sistema político brasileiro deficiente é um canal para a expansão da corrupção no país.

Sem citar nomes ou instituições, Barroso acrescentou que a história da corrupção ainda não foi totalmente escrita no país e, por isso, essa página não pode ainda ser virada na sociedade brasileira.

"Se não mudarmos o sistema político não nos livraremos da corrupção associada à política e não atrairemos novas ideias e pensamentos na política que está precisando de gente que não esteja vinculada à velha ordem", analisou.

"O Brasil precisa desesperadamente de reforma política e é triste constatar que ela não vai sair porque ao lado da impunidade o sistema político é a causa de boa parte da corrupção que ainda enfrentamos", finalizou.

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