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Sem operar por 100h, Porto Alegre lidera fechamento de aeroportos no País

Levantamento da Infraero mostra que aeroportos de SP, RJ, PR e RS precisam de muito investimento para não fechar em dias de neblina

5 ago 2013 - 15h46
(atualizado às 15h46)
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<p>Densa neblina obrigou o fechamento do Aeroporto Salgado Filho para pouso nesta semana em Porto Alegre</p>
Densa neblina obrigou o fechamento do Aeroporto Salgado Filho para pouso nesta semana em Porto Alegre
Foto: Luciano Leon / Futura Press

Carentes de sistemas e radares modernos, os principais aeroportos do Sul e Sudeste do Brasil ainda têm dificuldades para operar adequadamente em condições climáticas adversas, especialmente com neblina, causando transtornos a milhares de passageiros, como cancelamentos e atrasos em voos. Levantamento obtido pelo Terra junto à Infraero revela que o Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), lidera o ranking, com 100 horas e 26 minutos de fechamento em 2013 por causa da neblina, número que totaliza quatro dias de operação. A lista é seguida pelos aeroportos Afonso Pena (PR), Guarulhos (SP), Congonhas (SP), Santos Dumont (RJ) e Galeão (RJ).

Névoa, neblina e chuva; saiba o que fecha os aeroportos

"O equipamento que temos instalado (ILS-1) limita as operações a 800 metros de altitude por 60 metros de visibilidade horizontal. Então, quando os mínimos estão abaixo disso, por questões de segurança, não pode haver operações no Salgado Filho", reconhece o superintendente da Infraero no Sul do País, Carlos Alberto da Silva Souza.

De acordo com ele, o ILS-2 (sistema de pouso por instrumentos, na sigla em inglês) deve ser homologado até dezembro na capital gaúcha, trazendo melhorias em janeiro de 2014. Ele funciona hoje no Galeão, Guarulhos e Afonso Pena. O ideal, porém, é o ILS-3, que ainda não opera em nenhum aeroporto do País.

"Teremos um ganho de 40% nas estatísticas de fechamentos. Reduziremos os tetos e, com isso, as aeronaves poderão voar numa situação de nevoeiro mais intenso em relação a hoje", garantiu Souza. Conforme o meteorologista da Climatempo Marcelo Pinheiro, a neblina se caracteriza por uma visibilidade abaixo de mil metros.

"É comum nessa época do ano a formação de nevoeiro em muitas áreas do Sul e Sudeste, e as faixas próximas ao litoral são mais propícias. O fenômeno ocorre em noite de céu claro e com resfriamento. Quando a temperatura cai, a umidade tende a aumentar na madrugada, o que dá a formação dos nevoeiros. A gente consegue alertar com alguns dias de antecedência. Dependendo da situação, não é possível enxergar nada, nem um palmo à frente", disse ele.

Veja ranking do fechamento de aeroportos no Sul e Sudeste
1º - Salgado Filho (RS) 100 horas e 26 minutos
2º - Afonso Pena (PR) 79 horas e 13 minutos
3º - Santos Dumont (RJ) 60 horas e 30 minutos
4º - Guarulhos (SP) 20 horas e 45 minutos
5º - Congonhas (SP) 14 horas e 1 minuto
6º - Galeão (RJ) 1 hora e 36 minutos

Apreensão para a Copa do Mundo

Na grande maioria dos aeroportos brasileiros, apenas o equipamento ILS-1 trabalha, sendo mais recomendado o ILS-2, que permitiria pousos e decolagens com visibilidade horizontal de 400 metros e vertical de 30 metros, a metade do necessário para manobras com a versão mais simples do instrumento hoje existente em 19 dos 22 aeroportos que necessitam desse tipo de equipamento.

Para a Copa do Mundo de 2014, a Infraero assegura que não haverá problemas significativos pelas condições climáticas, apesar dos números de atrasos e fechamentos verificados neste ano. "A situação estará bem melhor. As condições operacionais para o Sul e Sudeste estarão bem melhores na Copa do que hoje, não haverá impacto", afirma Carlos Alberto da Silva Souza. Ele explica que o ILS-3 é mais difícil de ser implantado porque exige investimentos também das companhias aéreas e treinamento, descartando o seu uso em larga escala na Copa.

"As empresas terão de adequar seus equipamentos, aeronaves e tripulações para operar esse sistema, mas temos a convicção de que, quando implantado em Curitiba, a própria concorrência fará com que o mercado se adeque. Mesmo assim, às vezes a intensidade da neblina é tão forte que mesmo na categoria 3 haverá momentos que, por questão de segurança, não será possível operar", complementa o superintendente da Infraero.

A Aeronáutica prevê que dez terminais devem receber a instalação do ILS-2 ainda em 2013: Brasília, Vitória, Florianópolis, Galeão, Manaus, Belém, Cachimbo (PA), Campina Grande (PB), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC). Conforme o órgão, nos aeroportos que possuem o instrumento hoje, somente as companhias aéreas estrangeiras pousam, já que apenas elas contam com aviões e equipes habilitados para realizar a operação.

Direitos dos passageiros
De acordo com a Associação Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do Transporte Aéreo (Andep), mesmo em casos de fechamento de aeroportos, as companhias são responsáveis por seus passageiros. As empresas devem fornecer informações sobre o motivo do atraso ou cancelamento, além de assistir o consumidor com comunicação, alimentação, transporte e hospedagem.

A Andep adverte que os passageiros lesados têm prioridade em relação aos que ainda não compraram passagens. Desta forma, a venda de bilhetes só deve ocorrer depois que os consumidores prejudicados sejam reacomodados. A associação lembra, ainda, que em caso de atraso superior a quatro horas, o passageiro tem direito à devolução integral do valor pago pelo bilhete.

Fonte: Terra
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