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São Paulo tem reabertura tímida de bares e restaurantes; Doria rejeita funcionamento à noite

6 jul 2020 - 17h56
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), rejeitou a possibilidade de permitir neste momento que bares e restaurantes operem à noite, apesar dos pedidos de proprietários desses estabelecimentos, que registraram pouco movimento no primeiro dia de reabertura na capital paulista após mais de três meses fechados devido à pandemia de coronavírus.

Cliente em bar vazio em São Paulo
06/07/2020
REUTERS/Amanda Perobelli
Cliente em bar vazio em São Paulo 06/07/2020 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

Como a capital está na Fase 3 do plano de reabertura de setores da economia, a prefeitura permitiu nesta segunda a reabertura de bares, restaurantes e salões de beleza e barbeiros. No caso dos bares e restaurantes, limitou o horário de funcionamento de 11h às 17h, o que desagradou proprietários.

"Como boa brasileira, a gente tem que manter a esperança. E é assim que a gente vai se embasar, porque esse horário não ficou bom, não é viável. O movimento vai ser pouco, porque não é o horário de trabalho, principalmente da região Vila Madalena", disse Andreia Vieira, gerente financeira de um estabelecimento no bairro boêmio da zona oeste paulistana, à Reuters TV, diante de mesas vazias.

"Cinco horas da tarde, me desculpe, não há como você vislumbrar que vai ser ótimo... Querendo ou não, a nossa rotina, onde a gente trabalha, é após às 17h", disse ela, usando máscara.

Indagado sobre os pedidos do setor para uma flexibilização no horário de funcionamento, Doria disse em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes que a decisão de limitar o funcionamento desses estabelecimentos foi tomada por unanimidade pelos 19 especialistas que compõem o Centro de Contingência do Coronavírus do governo estadual e descartou, ao menos por ora, alterar a regra.

"Em relação a restaurantes, bares, pizzarias e similares, neste momento o horário estabelecido de fechamento é 17h por determinação do Centro de Contingência, do comitê de saúde", afirmou o governador.

"Nós não queremos em São Paulo as cenas que assistimos no Rio de Janeiro e em Londres. Nós não queremos super aglomeração, pessoas sem máscaras, pessoas com dosagem alcoólica elevada que não prestam atenção nem ao distanciamento, nem à sua própria proteção. E a orientação do comitê de saúde foi justamente de manter, nesta etapa, o funcionamento até 17h."

No fim de semana, foram registradas aglomerações em diversos bares na cidade do Rio de Janeiro, com pessoas desrespeitando o distanciamento social e deixando de usar máscaras, após a prefeitura da capital fluminense liberar o funcionamento de bares e restaurantes. Na capital britânica, onde o governo também permitiu a volta ao funcionamento dos tradicionais pubs ingleses, foram vistas imagens parecidas.

A reportagem da Reuters percorreu na tarde desta segunda-feira bairros de São Paulo onde há grande concentração de empresas, como Itaim e Vila Olímpia, mas o cenário foi o mesmo da Vila Madalena. Muitos bares e restaurantes fechados e, os que estavam abertos, recebendo poucos clientes.

Bares e restaurantes da capital paulista estavam com as portas fechadas desde o final de março, como parte das medidas de redução da circulação de pessoas para conter o coronavírus, podendo funcionar apenas com serviço de entrega.

A flexibilização foi permitida após o Estado registrar queda no número de mortes por Covid-19 nas duas últimas semanas e ter reduzido a taxa de ocupação de UTIs para 63,9%, ante pico acima de 90% no auge da pandemia.

De 28 de junho a 4 de julho foram registradas 1.733 mortes no Estado, ante 1.913 óbitos na semana de 14 a 20 de junho, de acordo com a secretaria estadual de Saúde. São Paulo é o Estado mais afetado pela Covid-19 no Brasil, com 323.070 casos confirmados e 16.134 mortes desde o início da pandemia.

DEMANDA REPRESADA

Também nesta segunda-feira, o governo da capital permitiu a volta às operações de salões de beleza e barbeiros, estabelecimentos que poderão funcionar somente por seis horas diárias, mas que puderam escolher durante qual período irão atender.

Para Daniela Oliveira, dona de um salão no bairro de Pinheiros que estava fechado desde 20 de março, o movimento na reabertura foi positivo, mas ela tinha dúvidas se isso se manteria nos próximos dias.

"Está sendo bom, os clientes já haviam agendado. Mas a gente sabe que é uma demanda represada", disse ela, enquanto controlava a entrada de clientes que, ao chegar ao salão, tinham de higienizar os pés em um tapete, passar álcool gel e ter a temperatura medida, no que a proprietária classificou de "um novo ritual".

"Eu sabia que a gente abrindo teria uma clientela louca para fazer. Agora no decorrer do tempo é que a gente vai ver", avaliou.

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