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Procuradores da Lava Jato anunciam ações para 2018 e dizem que futuro da operação depende do Congresso

27 nov 2017 - 19h20
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As eleições de 2018 representam a batalha final para o futuro da operação Lava Jato, disseram nesta segunda-feira procuradores da operação de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo, alertando que não vão se acanhar com os ataques que vêm sofrendo por causa das investigações e que haverá ações conjuntas no próximo ano.

Procurador Deltan Dallagnol participa de fórum em São Paulo
 24/11/2017    REUTERS/Paulo Whitaker
Procurador Deltan Dallagnol participa de fórum em São Paulo 24/11/2017 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

Eles ressaltaram que o futuro da operação depende da composição do próximo Congresso Nacional e exortaram a população a fazer boas escolhas, de preferência, candidatos ficha limpa, sem histórico de corrupção e que pretendem se eleger para apoiar a Lava Jato.

"É preciso que a sociedade continue atenta aos movimentos dos atuais parlamentares, manifestando-se contra qualquer tentativa de dificultar ou impedir as investigações criminais de pessoas poderosas", afirmaram em carta os procuradores da Lava Jato de Curitiba, Rio e São Paulo.

O procurador federal do Paraná Deltan Dallagnol acrescentou em entrevista concedida na capital fluminense: "2018 será a batalha final para a Lava Jato….será uma vitória para a Lava Jato se forem eleitos candidatos com passado limpo e que atuem no combate a corrupção, mas o futuro será sombrio se os que estão aí forem mantidos".

Procuradores que atuam nas forças-tarefas do Rio de Janeiro, de Curitiba e de São Paulo se reuniram nesta segunda para traçarem novas estratégias para 2018, e a perspectiva é que ocorram novas operações conjuntas.

"As forças-tarefas da Lava Jato vão deflagrar operações conjuntas no ano que vem e a reunião foi para traçar diretrizes", disse a jornalistas o procurador fluminense Eduardo El Hage.

Representantes do grupo afirmaram ainda que o foro privilegiado é um obstáculo enorme para avançar nas investigações e ressaltaram que a tentativa de garantir a impunidade de políticos poderosos certamente vai se intensificar.

"Se em 2019 estiverem no Congresso pessoas acuadas pelo combate à corrupção, haverá reação à Lava Jato….esperamos uma renovação no Congresso em 2019 que levará a uma redução nos níveis de corrupção", disse Dallagnol.

Com mais de três anos, a operação Lava Jato já conta com 47 fases no Paraná, enquanto no Rio são 17. Nos dois Estados, foram condenadas 144 pessoas e mais de 500 investigados foram denunciados à Justiça.

Segundo o MPF, já foram recuperados a partir das investigações da Lava Jato mais de 10 bilhões de reais. No entanto, somente em Curitiba, há em curso no momento mais de 26 milhões de operações financeiras sendo monitoradas que juntas superam 2 trilhões de reais.

Os procuradores de São Paulo, Rio e Curitiba acreditam que as investigações podem ir além, caso o Supremo Tribunal Federal aprove restrições para o benefício do foro privilegiado. A discussão sobre o tema foi interrompida no Supremo na semana passada, quando a votação era favorável à restrição. Oito dos 11 ministros tinham votado favoravelmente, mas o ministro Dias Toffoli pediu vistas, empurrando a retomada do debate para 2018, ano de eleições no país.

"Esperamos que o STF dê uma resposta rápida para o foro privilegiado e se essa restrição não vier pelo STF ou Congresso esperamos que a sociedade acabe com o foro não votando em corruptos e ficha suja", disse Dallagnol. "Se a população quer que pessoas com foro sejam investigadas então o caminho é não elegê-las em 2018 para que possam ser investigadas."

Apesar do tom político dado na entrevista, os procuradores da Lava Jato disseram desconhecer que algum membro da operação tenha pretensões eleitorais em 2018.

O procurador paranaense aproveitou para criticar o Judiciário brasileiro, que segundo ele, peca pela falta de "resolutividade" dos processos. "O sistema brasileiro é feito para não resolver questões importantes e investigações contra poderosos", finalizou Dallagnol.

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