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Prisão imediata de Lula surpreende petistas e derruba planos de mobilização a favor do ex-presidente

5 abr 2018 - 21h54
(atualizado às 21h55)
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A ordem de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva expedida nesta quinta-feira pelo juiz Sérgio Moro pegou de surpresa o PT e derrubou os planos do partido de provocar uma mobilização contínua nos próximos dias para mostrar a força do ex-presidente até sua efetiva prisão. 

Fontes ouvidas pela Reuters admitiram que a ação extremamente rápida e inesperada do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e de Moro --entre o ofício expedido pelo TRF e o despacho de Moro passaram-se 19 minutos-- foi um revés maior que o partido esperava. 

    Reunidos com Lula praticamente o dia todo, a cúpula do PT avaliava que a decisão poderia sair até a próxima semana, mas não menos de 24 horas depois de o Supremo Tribunal Federal decidir rejeitar o habeas corpus preventivo. 

    "É uma tristeza o que está acontecendo neste país. Foi tudo combinado", disse uma fonte. 

    O PT, movimentos sociais e partidos aliados já chamavam para um ato amanhã, em São Bernardo do Campo, programavam vigílias permanentes para o final de semana e tinham montado um comitê para tratar da prisão do ex-presidente. Na segunda-feira, estava sendo programado um outro ato, com artistas, juristas e intelectuais contra a prisão. Tudo caiu por terra.

    Boa parte da cúpula do PT já havia se dispersado, depois de passar o dia no Instituto Lula, quando saiu o despacho sobre a prisão. Petistas voltaram do aeroporto para São Bernardo do Campo, enquanto outro grupo que estava em Brasília se mobilizava para se juntar ao ato que passava a ser organizado para esta noite. 

    Moro deu a Lula até às 17h de sexta-feira para que ele se apresenta à Polícia Federal em Curitiba. O juiz também proibiu o uso de algemas.

    Havia uma tendência, antes da decisão, de que Lula se apresentasse à PF justamente para evitar o uso das algemas e, especialmente, a fotografia que poderia ser explorada nas campanhas eleitorais, contou uma fonte. 

    No entanto, durante a quinta-feira, a hipótese que surgiu foi a de Lula esperar a PF na Sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, onde começou sua carreira política, cercado de militantes. 

    "Vamos conversar agora, mas a ideia é essa, ficar com o presidente até a hora da prisão. Se ele quiser se entregar em Curitiba, tudo bem, aí não temos o que fazer. Mas a intenção é ficar com ele até o fim", disse uma fonte. 

    Ao conversar com a Reuters, petistas mostravam um profundo desânimo e até vozes de choro. Em postagens e vídeos divulgados por redes sociais, parlamentares do partido mostravam toda a incredulidade com a decisão. 

    "Isso é algo extremamente grave, inaceitável. Nós, inclusive, não esgotamos todos os recursos no TRF-4, e isso se constitui em uma enorme violência institucional contra a mais importante liderança popular deste país", disse o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).

    A presidente do partido, Gleisi Hoffman (PR), classificou a ordem de prisão de "violência sem precedentes".

"Um juiz armado de ódio e de rancor, sem provas e com um processo sem crime, expede mandado de prisão para Lula, antes de se esgotarem os prazos de recurso. Prisão política, que reedita os tempos da ditadura", escreveu a senadora. 

    O senador Lindbergh Faria afirmou que Moro vai para "a lata do lixo da história".

"Lula é um gigante, Moro é um patético serviçal do capital. Diante da determinação da prisão de Lula devemos nos manter firmes! Vamos todos participar da vigília em São Bernardo do Campo", disse.

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