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Prisão de sargento com cocaína é 'caso isolado', diz ministro da Defesa

General Fernando Azevedo e Silva disse que atitude do sargento não representa os valores das Forças Armadas

27 jun 2019 - 14h10
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O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, disse que sargento preso não representa os valores dos cerca de 400 mil militares das Forças Armadas
O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, disse que sargento preso não representa os valores dos cerca de 400 mil militares das Forças Armadas
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A prisão de um sargento da Aeronáutica na Espanha por transportar 39 quilos de cocaína em um avião da equipe que dá suporte à comitiva do presidente Jair Bolsonaro é um "caso isolado", na avaliação do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva.

"É importante esclarecer que esse é um caso isolado. O que o sargento fez não representa os valores dos cerca de 400 mil militares das Forças Armadas, que são pautados por princípios éticos e morais", afirmou.

A declaração feita à BBC News Brasil nesta quinta-feira é o primeiro comentário público do ministro sobre o tema.

Ainda não foi divulgado o resultado de investigações que revelarão se o sargento preso agiu sozinho ou não.

Bolsonaro divulgou duas mensagens sobre o assunto pelo Twitter e buscou se distanciar do episódio, ao dizer que o sargento preso não tem relação com a equipe dele.

https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1143981109908254720

"Apesar de não ter relação com minha equipe, o episódio de ontem, ocorrido na Espanha, é inaceitável. Exigi investigação imediata e punição severa ao responsável pelo material entorpecente encontrado no avião da FAB. Não toleraremos tamanho desrespeito ao nosso país!", escreveu Bolsonaro.

Antes, ele já havia publicado um tuíte no qual dizia ter determinado ao Ministério da Defesa imediata colaboração com a polícia da Espanha.

https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1143634937125494784

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Augusto Heleno, disse nesta quinta-feira que foi "falta de sorte ter acontecido justamente na hora de um evento mundial".

Heleno acompanha Bolsonaro na viagem ao Japão, para participar do G20.

"Podia não ter acontecido, né? Falta de sorte ter acontecido justamente na hora de um evento mundial. Acaba tendo uma repercussão mundial que poderia não ter tido. Foi um fato muito desagradável", disse Heleno, em Osaka.

Perguntado se a imagem do Brasil fica abalada por causa do episódio, que foi amplamente noticiado pela imprensa estrangeira, ele disse: "Se mudar a imagem do Brasil por causa disso, só se a gente não estivesse sabendo da quantidade de tráfico de droga que tem no mundo. É mais um."

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, disse que não é a primeira vez que um episódio assim acontece no meio militar.

"Isso não é primeira vez que acontece seja na Marinha, seja no Exército, seja na Força Aérea. A legislação vai cumprir o seu papel e esse elemento vai ser julgado por tráfico internacional de drogas e vai ter uma punição bem pesada", afirmou à Rádio Gaúcha.

Mourão também afirmou que o militar atuava como uma espécie de "mula qualificada". "Mula" é um termo do linguajar do tráfico usado para designar pessoas que transportam drogas a mando das quadrilhas.

"É óbvio que pela quantidade de droga que o cara estava levando, ele não comprou na esquina e levou. Ele estava trabalhando como 'mula', e uma 'mula qualificada', vamos colocar assim", disse Mourão nesta quarta-feira no Palácio do Planalto. Ele é o presidente em exercício durante a viagem de Bolsonaro ao Japão.

O caso

O sargento preso com a cocaína integrava uma comitiva de 21 militares que partiu de Brasília com destino a Tóquio, no Japão, e fez escala no aeroporto de Sevilha, no sul da Espanha. O militar exercia a função de comissário de bordo em uma aeronave militar VC-2 Embraer 190.

Segundo a Guarda Civil, força da polícia espanhola responsável pelo controle aduaneiro, a droga estava dividida em 37 pacotes dentro da bagagem de mão do sargento.

Na noite da quarta-feira, o centro de comunicação da Aeronáutica divulgou uma nota na qual diz que "medidas de prevenção a esse tipo de ilícito são adotadas regularmente" e que, devido ao ocorrido, "essas medidas serão reforçadas". O texto não informa, contudo, como será feito esse reforço.

"Esclarecemos que o sargento partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial, fazendo parte apenas da tripulação que ficaria em Sevilha. Assim, o militar em questão não integraria, em nenhum momento, a tripulação da aeronave presidencial, uma vez que o retorno da aeronave que transporta o Presidente da República não passará por Sevilha, mas por Seattle, Estados Unidos", diz a nota.

Antes da divulgação da nota, Mourão disse que o militar estaria na tripulação de retorno ao Brasil, responsável por acompanhar o presidente da República no trajeto entre a Espanha e Brasília.

"O que acontece, quando tem estas viagens, é que vai uma tripulação que fica no meio do caminho. Então, quando o presidente voltasse agora do Japão, essa tripulação iria embarcar no avião dele", disse Mourão.

A FAB informou que o Comando da Aeronáutica instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar todas as circunstâncias do caso e o militar está preso à disposição das autoridades espanholas.

Caso anterior

Não é a primeira vez que um membro da FAB é acusado de usar a condição de militar para o tráfico de drogas na Espanha, segundo o jornal El País.

Em abril, o Superior Tribunal Militar (STM) brasileiro determinou a expulsão de um tenente-coronel que transportava 33 quilos de cocaína em um avião da FAB, um Hércules C-130, durante uma escala em Palmas de Gran Canaria.

Outros dois militares julgados no mesmo caso já haviam sido expulsos da corporação.

O crime ocorreu em 1999, e o comandante foi condenado a 16 anos de prisão por pertencer a uma rede de tráfico internacional de cocaína usando aviões da FAB.

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