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Política

'Vou ser um subversivo dentro do próprio partido', diz Bruno Covas

2 dez 2020 - 13h12
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Reeleito prefeito de São Paulo no domingo, 29, Bruno Covas (PSDB) disse que pretende se envolver nos debates sobre a criação de uma frente ampla de centro para 2022. Em entrevista ao Estadão, em seu gabinete, o tucano afirmou que essas forças do centro do espectro político saíram vitoriosas das urnas no domingo.

Questionado sobre qual deve ser seu papel neste processo, disse que será um "subversivo dentro do próprio partido", uma frase que atribuiu ao avô, o ex-governador Mário Covas. "Vou encher a paciência para que o PSDB possa se reencontrar. Hoje, as pessoas não veem clareza em relação ao programa do partido. Esse vai ser meu papel como militante partidário", afirmou.

O prefeito não disse quem seria o nome ideal para representar este grupo numa futura eleição presidencial, embora seu correligionário, o governador João Doria, já tenha se apresentado para a disputa. "Defendo a união de vários partidos de centro. A busca do nome vem em seguida."

Sobre a adoção de medidas mais rígidas para combater a covid-19, anunciadas por Doria nesta segunda-feira, 30, Covas disse que há uma "estabilidade da pandemia em relação ao número de casos e óbitos". "Não há necessidade de fechar parques ou retroceder em atividades culturais que foram liberadas", disse.

O que muda agora que o sr. tem o próprio mandato e deixa de ser o vice do Doria?

O nosso tamanho político é sempre a nossa votação. Eu agora passo a ter uma votação de 3.169.121 votos, que dão mais legitimidade para estar à frente da Prefeitura.

O que a vitória do sr. significa para o PSDB?

Não só para o PSDB, mas para várias forças de centro que perderam muito na eleição de 2018 e agora retomam grandes capitais em 2020. Para o PSDB é a eleição de alguém que vai, como diria meu avô (Mário Covas), ser um subversivo dentro do próprio partido. Vou encher a paciência para que o PSDB possa se reencontrar. Hoje, as pessoas não veem clareza em relação ao programa do partido. Esse vai ser meu papel como militante partidário.

Essa foi uma vitória dos partidos de centro ou do Centrão? Sua coligação tem todas as legendas do Centrão, grupo que dá sustentação ao presidente Jair Bolsonaro no Congresso...

São os partidos que estiveram junto com (o ex-governador) Geraldo Alckmin na eleição de 2018 (à Presidência). Sem a atuação deles não teríamos a reforma da Previdência. São partidos que sabem encontrar o bom termo através do diálogo.

A rejeição ao governador João Doria é muito grande na capital, chegou a 49% em novembro, segundo o Ibope. O paulistano não perdoa quem deixa o cargo?

O paulistano quer alguém que cuide da cidade de São Paulo. O governador João Doria, apesar de ter saído da Prefeitura, continua a cuidar da cidade como governador.

No discurso da vitória, o sr. disse que o negacionismo está com os dias contados. Foi uma referência ao presidente Bolsonaro?

Eu me referia ao negacionismo, e não só ao presidente Bolsonaro, que entende que isso (a pandemia do novo coronavírus) é uma "gripezinha". Tem parte da população e dos políticos que pensa assim. Eu me referi a uma tese, e não a uma pessoa ou outra. A eleição mostrou que a cidade de São Paulo não quer discurso radical. A cidade prefere o diálogo e acredita na democracia. Espero que o presidente Bolsonaro ouça esse recado.

Terminada a eleição, já começaram as conversas sobre 2022. Pretende participar desse debate?

Como prefeito da cidade de São Paulo tenho que ter uma preocupação maior com a cidade. Mas, fora do horário de trabalho e aos finais de semana, também sou militante partidário e vou poder ter minha vida partidária como sempre tive. O que não vou fazer é colocar a Prefeitura de São Paulo à disposição de qualquer projeto político. Mas, como militante, vou falar com as pessoas e estabelecer alianças como qualquer dirigente político.

O que o sr. vai defender em termos de construção política nacional? Fala-se em uma candidatura de centro com Luciano Huck, João Doria ou Sérgio Moro.

Eu defendo uma tese, que é a tese da união de vários partidos de centro e pessoas que precisam buscar mais consensos. A busca do nome vem em seguida. Você não monta a tese em torno de um nome.

Doria sai fortalecido após a reeleição do sr.? Ele é o candidato do partido para disputar o Planalto em 2022?

É claro que ele foi um grande apoiador, mas para chegar a 2022 precisamos passar por 2021. O governador Geraldo Alckmin também foi um grande vitorioso com a eleição do Doria em 2016 e nem por isso se elegeu presidente da República dois anos depois. Isso mostra uma força política, mas ainda tem muito chão. No PSDB, ele é o favorito e o que reúne mais chances. Mas, se estamos falando na construção de uma tese e da construção de uma aliança, a gente não pode colocar condições para isso. Precisa primeiro criar um arco de alianças.

O PSDB deve ter candidato próprio para o governo?

Vamos primeiro discutir a eleição presidencial e só depois os palanques estaduais.

O que espera para 2021?

Que seja um ano melhor que 2020. A gente sabe com que estamos lidando. Já temos orçamento e planejamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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