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Política

"Bolsonaro não pode expulsar Battisti do País", diz defesa

Advogado Igor Tamasauskas afirma que Bolsonaro não poderia "tomar essa decisão abrupta até uma decisão final do Judiciário"

16 out 2018 - 22h22
(atualizado em 17/10/2018 às 08h32)
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O advogado Igor Tamasauskas, que defende o ex-ativista italiano Cesare Battisti, asilado no Brasil desde 2010, reagiu nesta terça-feira, 16, à declaração do candidato à Presidência nas eleições 2018 Jair Bolsonaro (PSL). Em seu Twitter, o capitão reformado do Exército afirmou que se eleito, vai extraditar Battisti "imediatamente" para mostrar o "total repúdio e empenho no combate ao terrorismo" por parte do País.

Ex-ativista italiano Cesare Battisti
Ex-ativista italiano Cesare Battisti
Foto: Alisson Gontijo/ O TEMPO / Estadão

"Reafirmo aqui meu compromisso de extraditar o terrorista Cesare Battisti, amado pela esquerda brasileira, imediatamente em caso de vitória nas eleições", escreveu Bolsonaro. "Mostraremos ao mundo nosso total repúdio e empenho no combate ao terrorismo."

Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", o advogado afirmou que "se ele (Bolsonaro) for respeitar o Judiciário, não pode expulsar Battisti do País".

"Na minha compreensão, precisa respeitar o Poder Judiciário e ele não poderia fazer isso. Até que haja uma decisão final do Judiciário, ele (Bolsonaro) não pode tomar essa decisão abrupta como deu a entender no Twitter", declarou Tamasauskas.

Na Itália, Battisti foi condenado por terrorismo pelo assassinato de quatro homens nos anos 1970. O país europeu insiste em sua extradição.

O ex-ativista vive no Brasil amparado em um ato do ex-presidente Lula. No último dia de seu mandato, em 31 de dezembro de 2010, o petista negou a Roma pedido de extradição do italiano.

Em 4 de outubro de 2017, Battisti foi preso pela Polícia Federal na fronteira com a Bolívia na posse de US$ 6 mil e mais 1.300 euros, totalizando R$ 23,5 mil em dinheiro vivo. Ele foi solto depois, mas se tornou réu por crime de evasão de divisas.

Cerca de uma semana depois da prisão, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF) barrou, em decisão liminar, uma "eventual extradição" do italiano até o julgamento do mérito. Não há data para o caso ser julgado.

ESTADÃO: Como o sr vê a declaração do candidato Jair Bolsonaro?

IGOR TAMASAUSKAS: Hoje vigora uma decisão do Supremo que impede uma ordem neste sentido até que seja julgado o mérito de uma medida que a gente entrou no próprio Supremo Tribunal. Há cerca de um ano, o governo Temer tentou começar uma discussão interna neste sentido e a gente conseguiu no Supremo Tribunal Federal uma decisão, em habeas corpus, que depois foi transformada em outra medida judicial que é a Reclamação, que proíbe qualquer interferência no direito do Cesare de ficar aqui no Brasil até que eles julguem o mérito do recurso.

ESTADÃO: Se eleito, Bolsonaro poderia expulsar Battisti, passando por cima do Supremo?

TAMASAUSKAS: Se ele for respeitar o Judiciário, não pode. Na minha compreensão, precisa respeitar o Poder Judiciário e ele não poderia fazer isso. Até que haja uma decisão final do Judiciário, ele não pode tomar essa decisão abrupta como deu a entender no Twitter. A fala da defesa do Cesare é que como há uma decisão judicial do Supremo que garante a situação jurídica dele no Brasil, até que essa decisão seja modificada, ela tem que ser respeitada.

ESTADÃO: A declaração do candidato pegou Battisti de surpresa?

TAMASAUSKAS: O candidato sempre falou que iria tomar medida contra o Cesare, então, não é uma surpresa. O que a defesa reafirma é que o Cesare confia na Justiça brasileira. Ele teve o direito de permanecer no Brasil assegurado por uma decisão judicial e continua confiando nisso. A decisão judicial não protege só ele, protege ele e a própria entidade familiar que ele constituiu depois que o Supremo decidiu que a decisão de ele permanecer no Brasil era uma decisão válida.

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