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Política

Reforma da Previdência pode ser fatiada por questão estratégica, diz Bebianno

1 jan 2019 - 17h07
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Demonstrando que ainda não há um entendimento no governo Jair Bolsonaro sobre a melhor forma de encaminhar a reforma da Previdência ao Congresso, o futuro ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, disse que a proposta pode ser "fatiada" por uma questão estratégica. "Estrategicamente é o mais provável", afirmou ao chegar no Palácio do Planalto para a cerimônia de transmissão da faixa presidencial.

Na semana passada, em entrevista ao Broadcast Político, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que a ideia é fazer uma votação única, e não fatiada, como chegou a ser dito pelo próprio Bolsonaro.

Segundo Bebianno, o texto da reforma ainda está sendo discutido e há questões políticas envolvidas. "Há de se tomar a temperatura do novo Congresso. Existem aspectos técnicos e políticos, mas a gente vai chegar lá", garantiu.

Ele destacou que o governo só terá poder efetivamente a partir de agora e que será feito um trabalho contundente sobre a reforma da Previdência para dar uma sinalização positiva ao mercado e atrair investimentos. "Não adianta ter boas intenções sem equilíbrio. Esse é o grande gol, o grande objetivo", reforçou sobre a reforma da Previdência.

Bebianno disse, ainda, que a proposta está sendo baseada na que já está em tramitação no Congresso e que havia expectativa de aprovação de uma parte do texto ainda em 2018, o que não ocorreu. "Está sendo desenhado, melhorado o que já tinha, era nosso desejo na campanha aprovar medidas previdenciárias antes do fim dessa legislatura, mas o tempo passa muito rápido e não foi possível", lamentou.

Segredo

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, disse nesta terça-feira que o governo ainda não definiu os termos da nova proposta de reforma da Previdência a ser apresentado nos próximos meses, mas manterá esses detalhes "em segredo". Segundo Eduardo, a estratégia é evitar o que aconteceu durante o governo do ex-presidente Michel Temer, que não conseguiu votar o tema depois de campanha negativa contra a proposta.

"A gente não sabe nem os termos da Reforma da Previdência ainda. É para manter em segredo. Se você não explanar de maneira correta a reforma da Previdência, a gente sabe que o pessoal, que vai fazer de tudo para travar o governo, vai viajar o Brasil inteiro falando mentira e eles são cara de pau. Eles vão falar que as pessoas vão ter que se aposentar com 80 anos, 100 anos de idade", disse. "Uma das coisas que tornou desconfortável para votar a reforma foi justamente essa publicidade prévia. Então, quando sair a reforma da Previdência, vai ter que estar tudo afiado para esclarecer o povo e a rede social", complementou.

Depois de participar da cerimônia de posse presidencial, Eduardo Bolsonaro disse também que, antes de votar a reforma da Previdência, o governo deve usar outros temas polêmicos para "sentir" a fidelidade da base aliada. Ele citou, como exemplo, temas ligados à segurança pública. "De repente, uma votação para sentir o termômetro do Congresso, já que houve uma renovação. Como, por exemplo, questões de segurança pública, algo de armamento", explicou.

Articulações

O deputado respondeu ainda sobre as articulações para eleição da Presidência da Câmara. Ele afirmou que até o fim de janeiro o governo deverá decidir sobre qual candidato irá apoiar na disputa, mas que ele, Eduardo, atuará nos bastidores para não azedar a relação do Executivo com os parlamentares.

"Na questão de articulação, prefiro ficar no bastidor, não falar nada publicamente. Vamos esperar amadurecer para ver qual deputado que realmente está com chance de chegada, os interessados já estão articulando e até o final de janeiro com certeza sairá o apoio do governo. Os candidatos são equilibrados, o que não podemos é azedar a relação do Congresso com o Executivo, tem que se prezar essa boa relação", disse.

Eduardo Bolsonaro ainda admitiu que o governo quer manter, principalmente, o controle das comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e Finanças e Tributação (CFT). Para isso, uma das ideias é o PSL formar um bloco para superar o PT em número de deputados. Atualmente o PSL tem 52 deputados contra 56 petistas.

Estadão
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