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Presidente da CNI é preso em operação da PF

Investigação indica que empresas firmaram contratos fraudulentos por meio de convênios com o Ministério do Turismo e entidades do Sistema S

19 fev 2019 - 10h52
(atualizado às 12h27)
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A Polícia Federal prendeu o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, na manhã desta terça-feira, 19, em Brasília, na Operação Fantoche. Esta e outras nove prisões temporárias foram autorizadas pela 4.ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco na operação, que, segundo a PF, visa a desarticular uma organização criminosa "voltada a prática de crimes contra a administração pública, fraudes licitatórias, associação criminosa e lavagem de ativos".

Segundo as investigações, um grupo de empresas, sob o controle de um mesmo núcleo familiar, atuou de forma contínua, desde o ano de 2002, executando contratos firmados por meio de convênios com o Ministério do Turismo e entidades paraestatais do intitulado "Sistema S". A investigação tem o apoio do Tribunal de Contas da União (TCU).Em janeiro, o Estadão revelou que relatório do TCU apontou divergências e falta de transparência nas informações financeiras do Sistema S, que está na mira do governo Jair Bolsonaro.

A Polícia Federal prendeu o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, na manhã desta terça-feira, 19, em Brasília
A Polícia Federal prendeu o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, na manhã desta terça-feira, 19, em Brasília
Foto: Fátima Meira / Futura Press

Além das prisões, a 4.ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco autorizou 40 mandados de busca e apreensão, bem como o sequestro e bloqueio de bens e valores dos investigados.

O Estado questionou à PF em Pernambuco se houve bloqueio de bens do presidente da CNI, mas não teve resposta até a publicação desse texto.

Os detalhes sobre a atuação específica de Andrade e outros investigados devem ser revelados em coletiva de imprensa marcada para a manhã desta terça-feira no Recife.

De acordo com as primeiras informações divulgadas pela Polícia Federal, a atuação do grupo consistia na utilização de entidades de direito privado, sem fins lucrativos, para justificar celebração de contratos e convênios diretos com o Ministério e unidades do Sistema S.

Tais contratos, em sua maioria, voltados à execução de eventos culturais e de publicidade superfaturados e/ou com inexecução parcial, sendo os recursos posteriormente desviados em favor do núcleo empresarial por intermédio de empresas de fachada.

A estimativa é que grupo já tenha recebido mais de R$ 400 milhões decorrentes desses contratos.

Ao todo, a operação conta com a participação de 213 policiais federais e 8 auditores do TCU que estão cumprindo 40 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão temporária, nos Estados de Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Mato Grosso do Sul e Alagoas, além do Distrito Federal.

CNI diz que não teve acesso à investigação

A CNI divulgou nota em que afirma ter conhecimento de que o presidente da entidade está na sede da Polícia Federal em Brasília prestando esclarecimentos sobre a Operação Fantoche.

"A CNI não teve acesso à investigação e acredita que tudo será devidamente esclarecido. Como sempre fez, a entidade está à disposição para oferecer todas as informações que forem solicitadas pelas autoridades", afirmou a confederação.

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