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Política

PI: mulheres ganham força política e têm participação recorde

17 set 2012 - 13h13
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Regina Ramos da Silva ficou surpresa ao descobrir que iria disputar com outra mulher a prefeitura de Joaquim Pires, cidade de 13 mil habitantes no interior do Piauí. "Depois que anunciei minha candidatura, a oposição também escolheu uma mulher. Acho que é porque mulher na prefeitura é algo novo e o pessoal sempre se empolga com novidade", diz a candidata do PT, que concorre com Cintia Ramos da Cunha, do PMDB.

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Além de Joaquim Pires, ao menos outras 45 cidades no Brasil terão eleições onde só mulheres concorrem à prefeitura - na eleição de 2008, eram 32. Esse tipo de disputa ilustra bem um novo cenário na política brasileira: a participação feminina nas eleições municipais cresceu 85% em relação à votação de 2008.

Na eleição que marca os 80 anos do voto feminino no Brasil, a participação das mulheres cresceu, de um lado, devido a uma nova lei de cotas e, de outro, por um cenário favorável que envolve a eleição de Dilma Roussef, a primeira presidente do país.

Cotas

Criada em 1995, a Lei de Cotas de Gênero sofreu uma alteração em 2009 e agora obriga os partidos a ter um mínimo de 30% de mulheres em suas chapas parlamentares. Antes, a legislação obrigava as legendas a "reservar" as vagas, enquanto agora é preciso "preenchê-las".

"A alteração pode parecer pequena, mas a troca do verbo significou uma mudança no sentido de forçar os partidos a dar maiores oportunidades para as mulheres", afirma o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, professor de Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE.

"O ideal seria a paridade de gênero, mas diante do baixo número de candidatas, a mudança já representa um avanço, mesmo que limitado. O resultado já pode ser visto nos números de candidaturas."

Novo cenário

Além da lei de cotas, uma nova realidade do país também vem contribuindo para a ascensão das mulheres na política.

A eleição de Dilma e o fato da então candidata Marina Silva (PV) ter obtido quase 20% dos votos no primeiro turno impulsionaram esse novo cenário.

"Depois que a Dilma foi eleita, as mulheres se encorajaram mais e a sociedade passou a nos enxergar com outros olhos", afirma Jalmira Maria Silva Ghanem (PT). Ela é candidata à prefeitura de Montividiu (GO), onde suas duas concorrentes também são mulheres.

O cientista político Milton Lahuerta, que é coordenador do Laboratório de Política e governo da Unesp, acredita, porém, que esse é um processo mais profundo, que começa bem antes da eleição de Dilma.

"A afirmação da mulher no Brasil, que começou com a revolução cultural dos anos 70, já ocorre em áreas como o mercado de trabalho, com grandes empresas sendo chefiadas por mulheres, e agora finalmente chega à política."

Mundo

Apesar do avanço, a participação feminina na política ainda é tímida se comparada a outros países mundo afora.

O demógrafo José Eustáquio lembra que o Brasil ocupa um dos últimos lugares em um ranking de paridade de gênero, compilado pela Inter-Parliamentary Union, uma organização que reúne representantes de parlamentos em todo o mundo e que ocupa o cargo de observador permanente da ONU.

Com 52% do eleitorado formado por mulheres, o Brasil possui apenas 9% de deputadas federais, um média bem inferior ao percentual mundial (20,3%).

No topo do ranking organizado pela organização estão Ruanda em primeiro lugar, com 56,3% (único país com maioria feminina na política), seguindo de Andorra (50%), Cuba (45,2%) e Suécia (44,7%).No final da lista, junto com o Brasil (120º) estão países como Panamá (121º), Benin (122º) e Gana (123º). Arábia Saudita e Catar estão na última posição (144º).

No senado, são apenas 10 mulheres entra 81 membros, ou seja, 12% - contra, por exemplo, 38% na Argentina. Entre os vereadores, após a eleição de 2008, o total de mulheres chegou a 12,5% e entre os prefeitos, apenas 10%.

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