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Cidades

Boto mão no fogo por meu pessoal, diz novo diretor do DER-PR

Paulo Montes Luz foi nomeado após Nelson Leal Junior ser preso e afastado do cargo na quinta-feira (22)

23 fev 2018 - 18h05
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O novo diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), Paulo Montes Luz, disse em entrevista coletiva nesta sexta-feira (23), em Curitiba, que a inclusão do órgão nas investigações da Lava Jato é um “equívoco”. Ele tomou posse após Nelson Leal Junior ser preso ontem, durante a 48ª fase da Operação. A etapa, batizada de Integração, foi a primeira deflagada em 2018. O objetivo é apurar suspeitas de corrupção, fraude a licitações e lavagem de dinheiro na concessão de rodovias federais. 

O Ministério Público Federal (MPF) informou que identificou um superfaturamento de até 89% no valor do pedágio. O foco são duas empresas ligadas ao Grupo Triunfo, do qual faz parte a Econorte, uma das seis companhias do Anel de Integração do Estado. Os procuradores se basearam num relatório apresentado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2012, segundo o qual as tarifas paranaenses poderiam ser reduzidas em 18%. O que houve, porém, foi um aumento de 25%. concedido graças à assinatura de dois aditivos, com anuência do DER-PR.

Outras cinco pessoas foram detidas temporariamente na quinta-feira (22): Oscar Alberto Gayer da Silva, ex-funcionário do DER-PR; Wellington de Melo Volpato, sócio da Eco Sul Brasil Construtora; Helio Ogama,  diretor-presidente da Triunfo Econorte; Leonardo Guerra, administrador da empresa Rio Tibagi; e Sandro Antônio de Lima, funcionário da Econorte. Já Carlos Nasser, funcionário comissionado na Casa Civil do governo Beto Richa (PSDB), foi alvo de busca e apreensão. Houve mandados cumpridos ainda em Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. Todos os citados negam qualquer irregularidade.

De acordo com Luz, o MPF não considerou uma série de documentos entregues ao TCE. “Tudo indica que eles não acataram as informações que nós passamos. Eu assinei [os aditivos], eu e minha equipe, essas 16 pessoas que trabalham comigo. Foram várias reuniões que tivemos durante dois anos. Eu boto a minha mão no fogo pelo nosso pessoal”, comentou. “O Paraná está, através do juiz [federal] Sergio Moro, passando a limpo o Brasil. No meu ponto de vista, pessoa física, tentaram trazer a Lava Jato para o DER, mas não faz sentido”, prosseguiu.

O novo diretor também contou que o DER-PR não pretende alterar o contrato inicial com as cocnessionárias, firmado em 1997 e com previsão de término em 2021. “Para reduzir [as tarifas], só se tirar os investimentos. Acho que não é salutar. Estamos no final do contrato; faltam quatro anos. Temos que pensar um pouquinho no Estado e deixar de conversa, de demagogia. O DER infelizmente segue o contrato e não tem condições de mudar”, destacou.

Justificativa

Nelson Leal Junior ocupava o cargo desde 2013 e tinha sido nomeado pelo irmão do governador, José Richa Filho, o Pepe, secretário de Estado da Infraestrutura e Logística. No pedido de prisão, o MPF argumentou que o agora ex-diretor vinha usando a função para editar atos em favor das concessionárias. Conforme as investigações, ele comprou um apartamento de luxo em Balneário Camboriú (SC) por R$ 2,5 milhões sem declarar à Receita Federal. Além disso, cerca de R$ 500 mil do valor total foram pagos em espécie ou com recursos sem origem identificada.

Em nota, o órgão informou que defende a rigorosa apuração dos fatos e que seus representantes estão à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários. Na coletiva desta sexta-feira (23), Paulo Luz leu um manifesto, atestando ainda que o DER tem 71 anos de história e mais de mil funcionários, entre engenheiros, advogados, economistas e técnicos, e que está colaborando com a Operação. Beto Richa já tinha determinado, ontem, a instauração de um processo de investigação para esclarecimentos das irregularidades. Ele afastou tanto Leal Junior como Nasser, o qual, atestou, “exercia a função de assessor político junto à Casa Civil, cargo de terceiro escalão, sem qualquer vínculo com o gabinete do governador”.

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Fonte: Especial para Terra
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