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Política

José Dirceu: "não posso aceitar o que Serra fez comigo"

1 nov 2010 - 17h10
(atualizado em 3/11/2010 às 10h42)
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Vagner Magalhães
Direto de São Paulo

O ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu (PT), réu no processo do mensalão, afirmou nesta segunda-feira (1) no programa Roda Viva, da TV Cultura, que não pode aceitar o que o candidato derrotado à presidência da República, José Serra (PSDB) fez com ele durante a campanha. Dirceu diz que foi linchado publicamente antes do seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), mas acredita que o seu adversário não acabou politicamente e que tem valor porque lutou até o final. "Espero que ele tenha um papel na oposição. Não espero um País sem oposição. Não espero que o País viva assim", disse. O programa vai ao ar às 22h desta segunda-feira (1º).

José Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil no Governo Lula
José Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil no Governo Lula
Foto: Fernando Borges / Terra

De acordo com Dirceu, a postura do PSDB na campanha, notadamente no horário eleitoral de rádio e TV, foi inaceitável. "Não posso aceitar o que o José Serra fez comigo. Ele me linchou. E se eu for absolvido no Supremo, como é que fica? Ele me colocou como chefe de quadrilha. Eu tenho biografia, não tenho folha corrida", afirmou.

Após a gravação, Dirceu disse que o discurso feito por Serra ontem, reconhecendo a derrota, visa a mistificação e que é um discurso pequeno, do ponto de vista político. "O objetivo dele continua a ser a mistificação. Lutar pela liberdade e pela democracia como se ela estivesse ameaçada. Lutar pela liberdade e pela democracia, nós devemos sempre lutar. Agora, que esse é o principal problema do Brasil e a oposição deve ser construída em uma luta, como se nós fossemos uma ameaça para o País, não é correto.. Ele está vivendo em outro País", disse. Porém, por outro lado, Dirceu disse não subestimar a carreira política do adversário.

"Essa coisa de dizer que está morto, não vai mais fazer política, que não tem mais espaço, não é assim. Posso discordar, até condenar, porque acho que a guerra foi suja, a campanha se rebaixou muito. Essa questão religiosa, é muito grave que ele tenha trazido isso. A maneira como se tratou a questão da interrupção de gravidez, do aborto, mais grave ainda, mas isso não significa que eu não reconheça que ele lutou e batalhou até o final", disse.

Segundo Dirceu, a partir de agora, o PSDB vai ter de superar a crise. "Agora é crise no partido porque eles estão praticamente empurrando o Aécio Neves para fora do partido. E quem autoriza isso está querendo que ele saia. Não é tão simples assim a vida, não vai ser fácil do PSDB e do DEM. Mas eu não subestimo a oposição, porque ela tem força política", afirmou.

Dirceu disse que a oposição tinha a "certeza que ia ganhar a eleição de nós". Durante o programa, ele disse ainda que o governo Lula foi o que mais trabalhou contra a divisão do País e que o discurso da oposição, muitas vezes foi exatamente o contrário.

Sobre o seu julgamento no STF, Dirceu disse que vai fazer a sua defesa na sociedade e espera que o seu julgamento - ainda sem data definida - não se transforme no 3º turno das eleições.

Por fim, ele afirmou que muitas vezes fica cansado consigo mesmo. "Virei um personagem que eu não sou, mas estou satisfeito com a solidariedade que recebi nesse País".

Fonte: Terra
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