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Política

Governo exalta golpe de 1964; 'dia de liberdade', diz presidente

1 abr 2020 - 07h22
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O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que o aniversário do golpe militar de 31 de março de 1964 é um "grande dia da liberdade". Ele fez a declaração após um comentário de um simpatizante sobre a data na portaria do Palácio da Alvorada. A deposição do presidente João Goulart, naquele ano, foi o início de uma ditadura de 21 anos que cassou direitos políticos, torturou e exterminou adversários e censurou a imprensa e a cultura.

Ainda pela manhã, o vice-presidente Hamilton Mourão escreveu no Twitter que as Forças Armadas "intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população". "Com a eleição do general Castello Branco, iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil", afirmou. Mourão ainda divulgou a hashtag #31deMarçopertenceàHistória.

Na véspera, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, numa "Ordem do Dia", lida nos quartéis, já havia afirmado que o golpe foi "um marco para a democracia brasileira". "O Brasil cresceu até alcançar a posição de oitava economia do mundo", ressaltou na nota. Tanto Bolsonaro, quanto o vice e o ministro seguiram uma interpretação, que hoje se limita à caserna, desqualificada por historiadores brasileiros e brasilianistas, de que o País avançou na economia e na liberdade política com a queda de João Goulart.

Entidades como a Associação Nacional de História e o Instituto Vladimir Herzog, que leva o nome do jornalista morto pela ditadura, fizeram subir na rede social a hashtag #DitaduraNuncaMais. A campanha recebeu o apoio de líderes políticos e organizações. Entidades de direitos humanos estimam que 434 pessoas foram mortas por agentes do Estado no período. Quando o poder voltou às mãos de civis, em 1985, o País vivia uma longa crise econômica, além de denúncias de corrupção.

No ano passado, Bolsonaro chegou a propor ao Ministério da Defesa que o 31 de março fosse festejado. Juízes reagiram e o governo teve de recuar.

Estadão
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