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Política

França usa crise para se tornar conhecido

Candidato à reeleição, governador do PSB se esforça para assumir um papel de destaque nas negociações com caminhoneiros do Estado

29 mai 2018 - 09h24
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Candidato à reeleição, o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), tenta assumir o protagonismo das negociações com os caminhoneiros do Estado em um aparente esforço para se tornar mais conhecido do eleitor na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Nos últimos três dias, o governador se reuniu pelo menos três vezes com representantes do movimento. No sábado, recebeu emissários da categoria e chegou a acertar um acordo que antecedeu a proposta feita, no fim da noite de domingo, pelo presidente Michel Temer.

Apoiado pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), de quem era vice até abril, França disputa o eleitorado tucano com o ex-prefeito da capital João Doria (PSDB), também pré-candidato ao governo. Segundo o mais recente levantamento do Ibope, divulgado nesta segunda-feira, 28, Doria lidera a corrida com 22% das intenções de voto e França é o quarto colocado, com 3%.

Em paralelo às negociações, o governador usou suas redes sociais para divulgar a tentativa de liderar a resposta à crise. Com o slogan "São Paulo não é conduzido, conduz", referência ao lema em latim do brasão municipal, o governador destacou em sua conta no Twitter notícias favoráveis ao seu papel nas negociações e elogios de internautas, além de divulgar pronunciamentos sobre a greve.

No Facebook, França aderiu à hashtag somostodoscaminhoneiros, em defesa do movimento. Ele se disse favorável a uma solução por meio do diálogo. "Tenho insistido que a solução também passa por uma reformulação da política de preços dos combustíveis no Brasil. A Petrobrás precisa ter lucro e equilíbrio financeiro, mas não dá para uma empresa brasileira, que também pertence aos brasileiros, querer pensar em dólar, como se fosse uma empresa exclusivamente privada."

Reuniões. No sábado, 26, França se reuniu com líderes dos caminhoneiros autônomos parados em São Paulo. Na véspera, o movimento havia decidido prosseguir a paralisação e o governo federal acionou o Exército e outras forças federais para tentar desmobilizá-los. No encontro, o governador prometeu isentar a categoria da cobrança de pedágio por eixo suspenso em todas as praças estaduais se os caminhoneiros liberarem totalmente as rodovias paulistas.

No dia seguinte, voltou a se reunir com representantes da categoria que faziam piquetes diante de refinarias da Grande São Paulo. Ele também recebeu o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, para coordenar as respostas à crise enquanto o governo estudava em Brasília novas medidas para debelar a greve.

Nesta segunda-feira, 28, pela manhã, França disse que restavam 33 manifestações em rodovias paulistas, mas, na maioria delas, os caminhoneiros liberaram a pista e se concentravam nos acostamentos. "Há um acordo desde sábado e os caminhoneiros estão em acostamento, canteiros, gramados, postos, sem obstruir as pistas. Os caminhoneiros estão cumprindo aquilo que combinaram com a gente", afirmou.

À noite, o governador se reuniu novamente com os manifestantes e se comprometeu a continuar intermediando as negociações com o governo federal.

Na contramão de França, Doria tem evitado se posicionar sobre a paralisação. Em Araraquara, disse que os governos estadual e federal precisam melhorar o diálogo com os caminhoneiros e com o setor empresarial para não serem pegos de surpresa. "O ideal é que tivesse havido uma administração preventiva e não agora em cima do problema", disse Doria.

Nome do MDB na disputa estadual, Paulo Skaf assinou nota, como presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na qual mostrou preocupação com a greve. "A greve está gerando prejuízos importantes para a indústria e para a sociedade como um todo."

Estadão
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