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Política

Duque quebra silêncio e diz que esposa nunca esteve com Lula

Ex-diretor da Petrobras, preso pela Lava Jato, negou que sua mulher tenha procurado Lula para pedir sua soltura e disse que sugestão de convocá-la na CPI é "ameaça"

19 mar 2015 - 13h48
(atualizado às 17h38)
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<p>Ex-diretor da Petrobras Renato Duque disse que sua mulher nunca conheceu o ex-presidente Lula</p>
Ex-diretor da Petrobras Renato Duque disse que sua mulher nunca conheceu o ex-presidente Lula
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Em um raro momento em que aceitou responder a uma pergunta na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque negou que sua mulher tenha se encontrado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou com Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula.

Segundo reportagem publicada no site da “Veja”, a mulher de Duque teria procurado Okamotto após a primeira prisão do ex-diretor, em novembro de 2014. Ainda segundo a revista, Duque teria sido solto após um encontro de sua mulher com Lula, que teria encaminhado o pedido de liberdade ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Minha esposa nunca esteve com o presidente Lula ou com o senhor Okamotto. Não conhece, nunca conheceu”, respondeu Duque.

Duque é apontado por delatores como um dos protagonistas do esquema de corrupção na Petrobras. Ele voltou a ser preso na última segunda-feira, após determinação do juiz Sérgio Moro. Segundo o juiz, mesmo após a deflagração da Operação Lava Jato, no ano passado, Duque continuou cometendo o crime de lavagem de dinheiro, ocultando valores de propina em contas secretas no exterior.

No início da sessão de hoje, Duque avisou que usaria seu direito constitucional de permanecer calado. Diante do silêncio, alguns deputados sugeriram que a esposa dele fosse convocada para prestar depoimento na CPI, o que foi entendido como "ameaça" pelo ex-diretor.

“Estou contrariando a orientação do meu advogado porque vejo o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) falando toda hora que tem que colocar minha esposa aqui. Eu estou entendendo como uma ameaça”, afirmou  Duque.

Obras de arte são apreendidas na casa do ex-diretor da Petrobras Renato Duque:

O ex-diretor também negou que sua mulher tenha parentesco com o ex-ministro do governo Lula José Dirceu, condenado no processo do mensalão. “Não há problema em responder questão de parentesco. Basta ver a árvore genealógica de um, a árvore genealógica de outro. Não tem nenhum parentesco, nunca teve. Nem esposa, nem ninguém”, completou.

Após o encerramento da sessão, o deputado Lorenzoni protocolou requerimento solicitando a convocação da mulher de Duque. O pedido será votado na próxima terça-feira e, se aprovado, ela será obrigada a comparecer à CPI.

"Consciência tranquila"

Em suas considerações finais, Renato Duque disse que não poderia ser responsabilizado pelos custos com seu deslocamento e escolta de Curitiba para Brasília, já que comunicou antecipadamente que ficaria em silêncio na CPI da Petrobras. O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), disse que foi informado da decisão na manhã de hoje.

“Alguns deputados levantaram essa questão do custo, de eu ter vindo aqui e permanecer calado. Gostaria de dizer que foi comunicado com antecedência e não posso ser responsabilizado por esse custo. Não há porque eu ser responsabilizado por isso”, disse Duque, ao fim da sessão.

Para Motta, o silêncio levou a uma reunião insatisfatória. “Não posso dizer que valeu a pena, porque ele não trouxe nada de novo para as investigações", disse.

Duque disse ainda que poderá provar que seus bens são compatíveis com seus ganhos como diretor da Petrobras e lamentou a situação da companhia. “Vou me defender e vou provar que os meus bens têm fundo no meu trabalho. Tenho 34 anos de companhia e orgulho de ter sido diretor por nove anos. Lamento que a companhia esteja nesta situação agora. Lamento que obras estejam parando. Não era para acontecer isso.”

Investigação

Duque é mencionado como destinatário do pagamento de propinas por pelo menos cinco delatores da Operação Lava Jato: o ex-gerente de Tecnologia da estatal Pedro Barusco, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e os empresários Júlio Camargo e Augusto Mendonça Neto.

De acordo com Barusco, Duque era o responsável por tratar o pagamento de propinas com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ele nega todas as acusações. 

Segundo os investigadores da Lava Jato, os 20 milhões de euros (aproximadamente R$ 70 milhões) bloqueados em bancos na Suíça e em Mônaco, não são compatíveis com a renda de Duque, que também é acusado de corrupção e fraude em licitação.

Fonte: Terra
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