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Política

DEM decide abrir processo para expulsar Demóstenes Torres

2 abr 2012 - 20h47
(atualizado às 23h05)
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O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou na noite desta segunda-feira que o partido decidiu abrir um processo de expulsão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Em carta enviada ao parlamentar, o DEM disse ser "inevitável a instauração do pertinente processo ético disciplinar para o fim de promover a aplicação da sanção prevista no Estatuto, qual seja a expulsão do Partido".

No texto, assinado por Agripino, o partido destaca as denúncias veiculadas na imprensa relacionadas à Operação Monte Carlo, que apontavam envolvimento de Demóstenes com o "notório contraventor 'Carlinhos Cachoeira'". Conforme a nota, "houve desvio reiterado do Programa Partidário, principalmente no que diz respeito à ética". "Em casos como tal, o Partido já se posicionou, não admitindo tais condutas", diz o texto.

Segundo o presidente do DEM, o desenrolar do processo deverá durar uma semana, tempo que Demóstenes terá para apresentar a sua defesa.

"Pela reiterada perda da conduta partidária, nós decidimos abrir um processo de expulsão do senador Demóstenes Torres. Eu diria que dificilmente o partido tomará outra decisão", declarou Agripino Maia.

Mais cedo, o advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que o parlamentar não estava pronto para reunião do partido. "Se depender de nós, não tem reunião. Não tem a mínima condição", disse por telefone.

De acordo com Kakay, o senador só deverá se reunir com o partido quando tiver acesso a todos os autos do processo. O advogado disse que vai entrar com uma reclamação no Supremo Tribunal Federal na próxima segunda-feira contestando o fato de a Justiça Federal de Goiás não ter pedido autorização à Suprema Corte para continuar as investigações envolvendo seu cliente e o empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.

Demóstenes é acusado de ligações com Cachoeira, investigado pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Gravações feitas pela Polícia Federal registraram solicitação de dinheiro ao empresário, feitas pelo senador e informações privilegiadas repassados por Demóstenes para o controlador do jogo ilegal em Goiás.

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que pode resultar na expulsão de Demóstenes. Conforme a nota, "houve desvio reiterado do programa partidário, principalmente no que diz respeito à ética".

Agência Brasil Agência Brasil
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