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Política

Defesa de Carlinhos Cachoeira entra com pedido de habeas-corpus

9 abr 2012 - 22h32
(atualizado às 22h39)
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A defesa do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, entrou nesta segunda-feira com um pedido de habeas-corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O empresário foi preso em fevereiro, durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), que investigou um esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás.

Na reunião do partido, o Democratas decidiu abrir processo para expulsar Demóstenes Torres
Na reunião do partido, o Democratas decidiu abrir processo para expulsar Demóstenes Torres
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O pedido foi protocolado pelo advogado de Cachoeira, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. As investigações da PF indicam que o empresário era líder da quadrilha e concedia a donos de galpões clandestinos, localizados em cidades goianas, uma espécie de "licença" de exploração dos pontos onde as máquinas eram instaladas.

Em março, a defesa entrou com pedido de soltura de Cachoeira no Tribunal Regional Federal (TRF), mas o habeas-corpus foi negado. Segundo divulgou o TRF, o desembargador entendeu que "havia indícios de grande extensão de atuação da organização criminosa, inclusive com envolvimento de ocupantes de cargos públicos de alto escalão".

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), são acusados de participar dos esquemas ilegais do empresário. O parlamentar tem sido o mais atingido pelas denúncias. Vazamentos das conversas telefônicas mostram o senador recebendo orientação do empresário sobre projetos em tramitação no Congresso Nacional.

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.

Agência Brasil Agência Brasil
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