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CPI do Cachoeira

Relator da CPI do Cachoeira se diz abandonado pelo PT

20 dez 2012 - 09h45
(atualizado às 09h54)
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Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, o deputado petista Odair Cunha (MG) confidenciou a interlocutores que foi abandonado por seu partido na sessão que enterrou a comissão. Ele reclama da falta de apoio do PT no Senado e dos ministros petistas. Seis senadores do PT, entre titulares e suplentes, não compareceram à votação. A bancada do PT no Senado tinha direito a dois votos na CPI. Os dois titulares -José Pimentel (CE) e Jorge Viana (AC)- faltaram. Só um dos cinco suplentes apareceu para votar em favor de Odair. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

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Além disso, os suplentes das ministras Marta Suplicy (Cultura) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), ambos de outros partidos, votaram contra o relatório de Cunha, derrubado por dois votos de diferença. Segundo a publicação, Cunha fez chegar às ministras um apelo para que intercedessem junto aos suplentes em favor do seu texto, mas não foi atendido. "Ninguém me procurou", disse o senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), suplente de Marta. Marta diz que não recebeu "nenhum pedido para falar com ele". "Nunca houve orientação do governo. O Odair falou comigo. Sou da base, mas votei com minha convicção", disse o suplente de Glesi, o senador Sérgio Souza (PMDB-PR). Consultada, a presidente Dilma Rousseff disse que ninguém perguntou se ela concordava com a criação da CPI e que, portanto, não iria se envolver.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado. Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha.

Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumpriria a pena em regime semiaberto. No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. O pedido foi negado pela Justiça.

No dia 7 de dezembro, Cachoeira voltou a ser preso. O juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiás, condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de reclusão por diversos crimes relativos à Operação Monte Carlo e determinou sua prisão preventiva. A defesa ainda pode recorrer da decisão.

Fonte: Terra
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