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CPI do Cachoeira

Gurgel deve recusar convite para ir ao Congresso Nacional

13 dez 2012 - 21h12
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O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quinta-feira que não deverá ir ao Congresso Nacional para falar sobre as atividades de inteligência em investigações da Polícia Federal. Os parlamentares aprovaram ontem o convite ao procurador. A proposta foi apresentada pelo senador Fernando Collor (PTB-AL).

Procurador-geral Roberto Gurgel disse que não deverá comparecer ao convite do Congresso
Procurador-geral Roberto Gurgel disse que não deverá comparecer ao convite do Congresso
Foto: STF / Divulgação

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Ao deixar a sessão de hoje do Supremo Tribunal Federal (STF), Gurgel foi perguntado se pretende aceitar o convite: "Convite a gente aceita ou não". Reforçada a pergunta sobre sua intenção de comparecer, ele disse que "provavelmente, não". Os parlamentares querem que Gurgel explique na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência como funcionam as investigações da Polícia Federal em parceria com o Ministério Público em operações como Vegas e Monte Carlo, que resultaram na prisão do contraventor Carlinhos Cachoeira.

Desde a deflagração da Monte Carlo, em fevereiro deste ano, Gurgel vem sendo questionado sobre a demora em tomar providências em relação a Cachoeira e pessoas ligadas a ele, uma vez que a operação Vegas já vinha reunindo elementos contra o bicheiro desde 2009.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumpriria a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. O pedido foi negado pela Justiça.

No dia 7 de dezembro, Cachoeira voltou a ser preso. O juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiás, condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de reclusão por diversos crimes relativos à Operação Monte Carlo e determinou sua prisão preventiva. A defesa ainda pode recorrer da decisão.

Agência Brasil Agência Brasil
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