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CPI do Cachoeira

GO: Justiça condena jornalista a indenizar Perillo em R$ 200 mil

A decisão também determina que o jornalista retire as entrevistas e todas as declarações feitas contra o governador de seu blog

28 mai 2013 - 23h43
(atualizado às 23h44)
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O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), obteve ganho de causa contra o jornalista Luiz Carlos Bordoni em uma ação por danos morais. Na tarde desta terça-feira, o juiz Ricardo Teixeira Lemos, da 7ª Vara Cível da Comarca de Goiânia, condenou Bordoni a pagar R$ 200 mil ao governador a título de indenização.

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Segundo informações da assessoria do Tribunal de Justiça de Goiás, na sentença, o juiz determina, também, e em caráter liminar, que o jornalista retire as entrevistas concedidas por Perillo e todas as declarações feitas contra o governador contidas em seu blog, sob pena de pagar multa diária de R$ 500 e ter a página suspensa na internet. Para o juiz, houve “lesão seríssima” contra o governador nas declarações divulgadas pelo jornalista na Rádio CBN, no Jornal Estado de S.Paulo e no blog, já que Perillo, “na condição de governador do Estado, foi acusado de caixa dois, insinuando-se que estaria envolvido no escândalo Carlinhos Cachoeira, com repercussão no País e no exterior”.

Para o magistrado, Bordoni não conseguiu provar as acusações que fez contra Perillo, relacionadas à existência de um caixa dois na contratação dos serviços do jornalista para propaganda na campanha política de 2010. Segundo o profissional, do valor total do serviço, R$ 170 mil, apenas R$ 33 mil foram declarados à Justiça Eleitoral. A diferença, ainda de acordo com as declarações do jornalista, teria sido paga pelo assessor direto de Marconi Perillo, Lúcio Gouthier Fiúza, diretamente a ele.

Bordoni declarou ainda que R$ 45 mil foram depositados pela Alberto e Pantoja - empresa laranja controlada por Carlinhos Cachoeira - na conta da filha de Bordoni, Bruna. “Publicou notícia inconclusiva, sem prova de suas alegações, utilizou do direito de imprensa para divulgar declaração não realizada pelo autor, autoridade política de inegável expressão regional e nacional”, afirmou o juiz Ricardo Teixeira na sentença.

No ano passado, Luiz Carlos Bordoni reiterou as acusações contra Perillo divulgadas na imprensa, quando convocado a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira no Congresso. Hoje, pelo Twitter, o jornalista indicou  que vai recorrer da decisão. “Avisem aos dipsômanos da Corte que da decisão cabe recurso”, afirmou. Ele questionou a condenação. “O juiz disse que eu não tenho provas. Ele as leu, as ouviu? Haveria audiência semana passada. Não fui citado. Aí tem”, escreveu.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumpriria a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. O pedido foi negado pela Justiça.

No dia 7 de dezembro, Cachoeira voltou a ser preso. O juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiás, condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de reclusão por diversos crimes relativos à Operação Monte Carlo e determinou sua prisão preventiva. A defesa recorreu e, quatro dias depois, o juiz federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) concedeu novo habeas-corpus e Cachoeira foi libertado.

Fonte: Especial para Terra
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