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CPI do Cachoeira

GO: em nota, Perillo diz que 'perdoa' quem o tentou 'macular' na CPI

18 dez 2012 - 22h18
(atualizado às 22h22)
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O gabinete de imprensa do governo do Estado de Goiás divulgou no início da noite desta terça-feira uma nota oficial do governador Marconi Perillo (PSDB) sobre o desfecho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira no Congresso, que teve o relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) rejeitado por 18 a 16 votos. O relatório indiciava, dentre outras pessoas, o governador e membros de seu governo, por supostos vínculos com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

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"Recebo com tranquilidade o resultado da CPMI", diz Perillo na nota. "E, mesmo com o sofrimento imenso a que fui submetido com esta ação torpe e mesquinha, vejo este assunto como página virada e perdoo os que maldosamente tentaram macular minha biografia de cidadão e homem público", afirma.

Perillo ainda sublinhou que teve sua vida pessoal e seus três mandatos de governador investigados ao longo de todo o processo. "Não conseguiram apontar um único fato que pudesse incriminar a mim ou a meu governo. Hoje, cumprimento os deputados e senadores que votaram pela rejeição deste relatório maldoso, direcionado, inconsistente e elaborado como instrumento de vingança de uma ala do PT", acusa o governador no texto.

O político diz também que durante as investigações sobre o caso Cachoeira se colocou à disposição do Ministério Público Federal, da CPI e da imprensa. Ele afirmou ter aberto seus sigilos e contratos firmados pelo seu governo com a Delta, "ao contrário do que fizeram outros órgãos das administrações federal, estaduais e municipais".

Por último, Perillo ainda diz que ao longo do ano ficou focado na administração, mesmo com o que chamou de "tentativas" de determinados segmentos partidários, principalmente em Goiás, de inviabilizar sua administração. "Tive a consciência tranquila e a humildade de esperar o dia em que a verdade prevaleceria, e felizmente este dia chegou. Agradeço a Deus e a todos aqueles que confiaram em minha inocência e na lisura das ações do governo que lidero", afirma.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumpriria a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. O pedido foi negado pela Justiça.

No dia 7 de dezembro, Cachoeira voltou a ser preso. O juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiás, condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de reclusão por diversos crimes relativos à Operação Monte Carlo e determinou sua prisão preventiva. A defesa recorreu e, quatro dias depois, o juiz federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) concedeu novo habeas-corpus e Cachoeira foi libertado.

Fonte: Especial para Terra
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