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Política

À polícia, advogado acusa Demóstenes Torres de prometer degolá-lo

24 jan 2014 - 10h24
(atualizado às 10h31)
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O ex-senador Demóstenes Torres prometeu degolar seu primeiro defensor no processo em que pode perder o cargo de procurador de Justiça. O advogado Neilton Cruvinel registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil de Goiás denunciando o caso. Ele garante que Demóstenes tentou agredi-lo e o ameaçou de morte, em registro feito no dia 19 de dezembro. A agressão apenas teria sido contida porque um empresário amigo dele e de Carlinhos Cachoeira - cuja relação com o ex-senador levou à cassação de seu mandato em 2012 - interveio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Cruvinel relata que Demóstenes Torres o chamou para um encontro no seu apartamento em 13 de dezembro. No local, estavam também o empresário Maurício Sampaio e Carlinhos Cachoeira. O advogado denunciou que Demóstenes passou a xingá-lo e dizer que tinha feito intrigas - motivado pela frustração um projeto entre ambos para montar um escritório de advocacia juntos. O ex-senador teria tentado agredir o empresário fisicamente, mas foi contido pelos outros presentes. Cruvinel conseguiu sair do apartamento, mas antes relata que ouviu Demóstenes dizer que iria "matá-lo, degolá-lo e que iria acabar com sua vida". 

Procurado pela reportagem do jornal, Demóstenes Torres não comentou o caso. Seus advogados, que comentariam a suposta ameaça, afirmaram não ter conhecimento das denúncias, e um deles disse que Neílton Cruvinel "talvez tenha ficado inconformado" por sair do processo em que defendia o ex-senador. Carlinhos Cachoeira, por sua vez, nega ter participado da reunião. 

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumpriria a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. O pedido foi negado pela Justiça.

No dia 7 de dezembro, Cachoeira voltou a ser preso. O juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiás, condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de reclusão por diversos crimes relativos à Operação Monte Carlo e determinou sua prisão preventiva. A defesa recorreu e, quatro dias depois, o juiz federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) concedeu novo habeas-corpus e Cachoeira foi libertado.

Fonte: Terra
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