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Política

Ciro: 'Nunca vi a sociedade brasileira tão fraturada como estou assistindo agora'

18 ago 2022 - 14h39
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O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, disse nesta quinta-feira, 18, que nunca viu a sociedade brasileira "tão fraturada" como se vê agora. Ele fez essa afirmação ao ser convidado a comentar as conversas pelo WhatsApp de empresários bolsonaristas defendendo a aplicação de um golpe de Estado caso o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva vença as eleições majoritárias de outubro.

A conversa dos empresários, entre os quais estavam Luciano Hang, dono da Havan, e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu, foi publicada pelo colunista do Guilherme Amado, do site de notícias Metrópoles.

"Eu nunca vi a sociedade brasileira tão fraturada como estou assistindo agora. O que vale para nós é a sólida convicção democrática da esmagadora maioria da nossa sociedade, mesmo no campo conservador", disse Ciro em conversa com jornalistas antes de entrar para um evento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) nesta quinta-feira.

Ciro não perdeu a oportunidade de alfinetar os banqueiros, que, em suas palavras, assinaram recentemente a carta em defesa da democracia mas que são os mesmos que no passado "financiaram o golpe".

Ele disse ainda que poucos militares estão frequentando a escalada ao redor do presidente Jair Bolsonaro (PL) e que a maioria esmagadora dos altos comandos militares é legalista e respeitará a ordem constitucional brasileira e resultado das eleições.

Ciro lembrou também que lá atrás, no cenário internacional, havia potências conspirando e financiando a ruptura da democracia brasileira, o que desta vez não acontece.

"Ao contrário, desta feita a comunidade internacional está dando sinais claros de repúdio a isso de forma que a gente tem que confinar essa retórica golpista na cabeça paranoide do Bolsonaro. Mas de qualquer forma é preciso estar atentos e vigilantes. Atentos e vigilantes significa repudiar com todos os 'S' e 'R' a conduta de seja qual grupo for", disse Ciro, para quem neste caso há crimes a serem apurados contra a ordem constitucional brasileira e cabe ao Ministério Público apurar.

"Por agora eu peço aos consumidores brasileiros que boicotem estas empresas. Não comprem produtos delas, não frequentem os restaurantes destas pessoas. Falem mal destas marcas porque esta é a forma que a cidadã e o cidadão colaboram para que a democracia não seja violentada", recomendou Ciro.

Reconstrução do espaço fiscal

O candidato do PDT à Presidência da República afirmou também que a reconstrução do espaço fiscal é que deverá assegurar o consumo do governo na composição do Produto Interno Bruto (PIB). Ele fez essa afirmação em resposta ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) sobre como faria para manter o consumo do governo, uma das principais variáveis do PIB pela ótica da demanda ao lado de outras rubricas como, por exemplo, o consumo das famílias, se o espaço fiscal é tão apertado.

"Reconstruindo o espaço fiscal, em linha com as melhores práticas internacionais e com melhor literatura, a única proposta de saneamento fiscal do Brasil disponível para o povo ajuizado é a nossa", disse Ciro, acrescentando que começaria com um corte de 20% das renúncias fiscais, numa cifra de R$ 70 bilhões que acabaria com o déficit primário. "Tecnicamente é simples de resolver", comentou.

E emendou que também entra na equação um imposto "moderadíssimo" de 1% a 1,5% sobre as grandes fortunas superiores a R$ 20 milhões e que levaria a uma arrecadação de mais R$ 70 bilhões. "Tudo em números arredondados porque isso depende de valorização patrimonial, mas a ordem de grandeza é essa. Começa agora a linha de cima do déficit primário para reforçar o investimento. Um tributo sobre rendas e dividendos patrimoniais, mais R$ 80 bilhões e maior progressividade maior no Imposto de Renda", disse Ciro, acrescentando que, no caso do IR, seria aumentada a faixa de isenção já que quem ganha dois salários mínimos no Brasil paga imposto de renda. "É um crime uma pessoa da classe média pagar 27% de IR e um futebolista que ganha R$ 1,5 milhão por mês pagar 15% na Pessoa Física. Isso tudo seria corrigido. Esse conjunto de coisas dá R$ 300 bilhões por ano. Com parte disso eu vou abater os impostos do povo e parte vai para investimentos", afirmou.

Estadão
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